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sábado, 19 de outubro de 2019

O flerte 🎭





O flerte 🎭


- Espero que a senhorita tenha gostado do meu poema.
Talvez não o tenha declamado com a perfeição que a bela dama merecesse ouvir.
Mas culpo o vinho por tal negligência, pois quanto me toma as veias, assim displicidamente, me deixa um tanto eufórico
Não me julgues pela minha roupa.
Estou vestido de bobo da corte apenas para arrancar sorrisos harmoniosos.
Harmoniosos como estes, que agora percebo em vossos lábios.
Se me permitires dizer
Diria que tais lábios assim tão avermelhados
Parecem morangos umedecidos em uma calda açucarada.
Tão doce quanto o desejo que palpita dentro deste peito atormentado.
O que seria de fato, o amor batendo á sua porta.
Portanto, não me julgues assim á primeira vista.
Apesar de ter notado vossa presença já em outros bailes.
Gostaria de dizer que só me apresento hoje por não puder mais adiar este inevitável encontro.
Quando descestes da carruagem, percebi que vossa companhia, assim como nos bailes anteriores, era de vosso pai, percorreu-me pelo corpo, desde a primeira vez, uma alegria indescritível.
E ao notar discretamente que não há nenhum anel de compromisso em vossa mão, resolvi tomar a iniciativa de apresentar-me a senhorita.
Devo confessar que este poema que acabastes de ouvir foi inspirado na ânsia deste encontro.
Talvez já tenha lido alguma coisa minha nos folhetins que circulam pelo reino.
Não sou de aparecer em público.
Por tanto posso garantir que a senhorita nunca me viu em nenhum outro lugar que não fosse nos bailes de máscaras.
E permita-me a ousadia, isto faz este encontro ainda ser mais interessante.
Noto pelo seu sotaque francês que és parisiense.
Ah! Paris, a terra dos amantes
Estive lá umas cinco ou seis vezes, se não me falta a memória.
Encantadora cidade a sua, senhorita.
Devo confessar-te que só visitei os lugares nobres.
Ao contrario de muitos lordes ingleses que acham Paris decadente, eu á vejo como uma cidade luminosa.
Ah! Mas que descuido o meu.
Desculpe não me apresentar com a formalidade que um cavalheiro deve apresentar-se á uma dama.
Meu nome é Leonardo Victolleto, nascido na província de Florença, na região da Toscana, mas considero-me mais inglês do que florentino.
Por tanto podes me chamar de Leonard.
Resido em Londres desde muito pequeno.
Eu faço parte da companhia do Sir William.
Não!! Não sou ator, apenas o ajudo em seus ensaios.
Digamos que eu seja apenas um curioso aprendiz deste magnânimo mestre.
Estamos á escrever uma nova peça.
Modéstia á parte,  posso dizer que a idéia inicial foi minha.
Tendo em vista que a peça foi inspirada em uma estória passada na terra de meus antepassados, na província de Verona.
Ainda não há titulo.
O nome provisório é “Amor proibido”.
No qual muito me agrada, pois este titulo, na minha opinião, enaltece a essência desta obra grandiosa, como uma vela luminosa colocada em um altar sagrado.
Mas quem sou eu para divergir do Sir William?
Como disse senhorita: Sou apenas um aprendiz.
Vejo pelo brilho radiante de seus olhos que deva estar curiosa para saber mais sobre esta nova peça, mas de nada posso fazer para cessar tal curiosidade.
Pois meu comprometimento com ela vai além de qualquer expectativa.
É um segredo muito bem guardado.
Poucos, muito poucos sabem desta peça.
Devo confessar- te, que nem o rei sabe de sua existência.
Como disse senhorita: Este é um segredo fechado á sete chaves.
Talvez não devesse, pois isto me custaria muito caro, mas diante desses olhos luminosos que se salientam nessa fina e branca moldura, posso permitir-me, metaforicamente, saciar-lhe a curiosidade.....






💙



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