Mágico passeio na terra Mística🔮

Mágico passeio na terra Mística 🔮


Baltar ergue o coelbren diante dos noves portais e recita o mantra mágico, que vai além das estrelas.
O príncipe sente seu coração disparar.
Sua essência vibra ao ver o sétimo portal se abrindo.
Ao entrarem na sétima dimensão, o sábio mestre diz com um sorriso iluminado nos lábios.

-Eis a terra mística, o paraíso do mundo da magia.

O príncipe fenício não acredita no que está diante dos seus olhos.
O lugar é lindo, coberto de vales e montanhas, iluminados por um imenso sol azul.
Há centenas de cachoeiras.
Suas águas são prateadas e cintilantes.
De cima do vale, Baltar nota uma névoa  escura que cobre parte da floresta.
Ele então pergunta ao mestre druida.

-Porque não consigo enxergar além daquela névoa escura, mestre?
O que existe lá?

-No mundo da magia, também são travadas batalhas entre o bem e o mal.
Muitos seres da terra mística se ludibriam com a magia das trevas, e quando isto acontece, esta névoa escura avança, assim como a sombra, quando ofusca a luz.
Lá existem várias raças de demônios, magos sombrios e criaturas do mal.
Esta dimensão foi criada, para que depois de realizada nossa missão no mundo dos anjos, viéssemos para cá para expandir nossa magia, e contemplar a beleza dos espíritos da natureza, para só depois, estarmos prontos para lutarmos em Hiperbória. 

A sétima dimensão é uma recompensa pela nossa missão.
Veja Baltar, perto do lago prateado, parecem anjos iluminados.

O príncipe olha e avista centenas de unicórnios correndo em direção ao vale.

-Como são lindos, mestre.
Este é o lugar mais belo que eu já vi em toda minha vida.
Estes lagos prateados e estes vales iluminados.
E este sol?
Como pode ser tão azul assim?
E naquelas montanhas vermelhas?
O que tem lá, mestre Milesiano?

-Lá fica o vale dos dragões.

-Vale dos dragões?

-Este mundo é habitado por seres místicos, elementais e espíritos da natureza que regem o universo.
Venha, Baltar, vou te mostrar a terra mística.

-Mas como mestre druida?
Também temos poderes aqui?
Também podemos voar?

-Vamos sobrevoar a terra mística com a esfera de Nurias.

-Esfera de Nurias?

-Aprendi esta magia com uma sábia maga da luz.

Milesiano ergue o coelbren e começa a fazer movimentos circulares.
Os ventos vão formando pequenas nuvens, fazendo com que uma tempestade se forme perto de onde eles estão.
Derrepente, as gotas da chuva começam a se unir e vão formando uma imensa esfera de cristal. 

O príncipe e o mago entram na esfera magica, que começa a flutuar no ar. Milesiano usa sua magia e começa a movimenta-la.
A luz de seu coelbren ilumina toda a colina.
A esfera de cristal vai se distanciando, e Baltar fica encantado com a terra mística. Suas florestas verdejantes, parecem esmeraldas de tão brilhantes.
Algumas montanhas são tão altas, que ultrapassam as nuvens.
A esfera aproxima-se das montanhas vermelhas.
O príncipe quer saber sobre o vale dos dragões.

-Quantos dragões, mestre Milesiano.
Nunca havia visto tantos dragões assim.
O que é aquilo em cima daquela montanha?
É um símbolo?
Parece ser um brasão.
Que brasão é aquele, mestre?

-Aquele é o símbolo do mestre dos dragões.

-Mestre dos dragões?

-Ele foi o primeiro dragão a nascer na terra mística.
Seu nome é Ouroboros.
Ele é um grande mestre da sabedoria.
Foi ele que me ensinou a grande magia do elemento fogo.
Veja quantos vulcões Baltar.
O vale dos dragões é realmente mágico.
Posso sentir a magia vibrando aqui dentro da esfera de Nurias.

-Que dragão é aquele, mestre?
 Sua cabeça lembra a cabeça de um tigre.

-São os Tárgons.
São dragões guerreiros
Há mais de 100 espécies de dragões na terra mística.
A maioria estão aqui neste vale.
Os outros estão no mar, são dragões marinhos.

-Existem dragões marinhos?

- Sim, a várias espécies de dragões nas profundezas dos mares.
Existe um dragão chamado Zelgor.
Ele vive nas águas, mas também pode voar.
Ele é um dos seres mais encantados do mundo da magia.
Dizem que seu ovo foi chocado na chama da vida.
Ele é o único dragão da terra mística que emerge o fogo sagrado.
Ele produz a chama de Orion.
O fogo mágico que ele emerge é capaz de gerar vida se for fundido com um dos quatro elementos.
É muito difícil encontra-lo.
Dizem que ele é todo azul e seus olhos são dourados como dois sóis.
Os grandes mestres dizem, que Zelgor é o mais belo de todos os dragões.

- E aqueles dragões verdes?
 São enormes.
Olhe as labaredas que saem de suas narinas.
Que raça de dragão é aquela mestre druida?

-Aqueles são os Vegorons.
Dizem que o fogo que produzem é capaz de derreter qualquer metal.
Muitos elfos forjam suas espadas com o fogo produzido pelos Vegorons.

-Elfos?

-Também são espíritos da natureza.
Elementais com forma física.
Quando o grande criador criou esta dimensão.
Ele colocou a beleza de toda sua magia.
Cada ato nobre realizado por um ser no universo, faz com que um elemental ganhe vida na terra mística.

-Mas como isto é possível, mestre Milesiano?

-Existe uma montanha no mundo da magia.
Sua forma lembra um cálice.
Em cima desta montanha mágica, o criador colocou a chama da vida.
É uma visão esplendorosa, Baltar.
A grande montanha emergindo o fogo sagrado.
E na chama azul as essências dos elementais nascendo no cálice da vida.

-Então a chama de Orion também da vida a estes seres?

-A chama sagrada dá vida a todos os seres do universo, Baltar.

-Quer dizer que se eu realizar minha missão no mundo azul, poderei gerar uma vida aqui? Poderei dar vida a um elemental?

-Acredite, nobre príncipe, esta é uma das magias mais nobres de todo o universo. Agora vamos, vou te mostrar os elfos.
Vamos até o santuário das árvores.

-Santuário das árvores?

-É onde estes seres vivem.
Segura-te, Baltar, vou fazer esta esfera voar mais veloz que o vento.

Milesiano direciona o coelbren para cima e a esfera de Nurias flutua como se estivesse dançando no céu da terra mística.
Baltar corre de um lado para o outro para que seus olhos não percam nenhum detalhe. Ao se aproximarem do santuário das árvores, ele vê o quanto a natureza é mágica. Há milhares de árvores gigantescas.
A maioria são acácias.
Dentro delas o príncipe avista luzes saindo das frestas.
São as casas dos elfos.
Seres belos e delicados.
Eles tem a pele bem clara.
Alguns tem os olhos verdes e outros tem os olhos azuis.
Seus cabelos são brancos e suas orelhas pontiagudas.
Eles estão festejando.
No meio da floresta há um imenso banquete. E uma alegre música toca em todo o bosque. Os olhos dos elfos brilham na esfera de Nurias.
A cidade é toda iluminada, coberta de cristais, diamantes e esmeraldas.
Baltar vê as crianças correndo atraz dos duendes.
São como os elfos, porém bem menores.
O príncipe fica espantado ao ver aqueles pequenos seres.

-Nunca pensei que pudesse existir seres tão pequeninos assim, mestre druida.
Estes homenzinhos cabem na palma da minha mão.

-Estes pequeninos são os duendes.
Também são seres mágicos.
Dizem que escondem seus tesouros atrás do arco-íris, e também embaixo das árvores. Não se engane com o tamanho deles Baltar.
Estes pequeninos são muitos travessos.
Certa vez eu tirei um cochilo debaixo destas acácias, e quando acordei estava sem o meu coelbren.
Levei três dias para encontrá-lo.

-Os duendes pegaram seu coelbren?

-Estavam usando-o como enfeite em um castelo que haviam construído.
Tu estás vendo as borboletas?

-Sim, mestre, há centenas de borboletas ali.

-Sempre que veres uma borboleta no mundo azul é porque um duende está voltando para o mundo da magia.

-Podemos ver estes seres no mundo azul?

-Ainda existem algumas fendas que estão abertas entre o mundo azul e o mundo da magia. 

Quando o mundo azul era habitado somente pelos animais, o grande criador abriu uma imensa fenda entre as duas dimensões.
A pureza dos animais fazia com que vários seres nascessem na terra mística.
E assim os animais e os elementais dividiam o mesmo mundo.
Os unicórnios, os dragões, os elfos, os centauros, os cavalos alados, junto com os leões, os elefantes, os macacos, as baleias.
Naquela época, os animais além de instintos, tinham sabedoria.
Eram seres tão inteligentes, que falavam todos os dialetos e se comunicavam sensorialmente, por telepatia.
Eles conheciam todas as linguagens da natureza.
Os animais e os elementais viviam em harmonia.
A esfera azul era a grande Deusa mãe para eles.
Gaya sempre protegia seus filhos.
Como eu queria ter vivido nesta época e ver tamanha beleza.
A grande magia da natureza em seu esplendor.

-Mas porque o mundo azul perdeu esta magia, mestre?
Porque as fendas foram fechadas?

-Se todos os homens estivessem esperado sua evolução completar-se nas águas, talvez hoje seria diferente.
Com os homens sendo gerados na terra, aos poucos as fendas entre os dois mundos foram se fechando. 

O universo sofreu um grande desequilíbrio, e assim as fronteiras mágicas com a terra mística foram desaparecendo.
Algumas fendas ainda estão abertas.

Por isso que ainda é possível encontrarmos dragões e unicórnios no mundo azul.
Mas acredito que no futuro, as poucas fendas que existem se fecharão.
Os homens se afastaram da grande magia, e só acreditarão naquilo que enxergarem.

-Olhe, mestre, os elfos estão vindo para cá.
Quem são aquelas? 

Parecem princesas iluminadas.

-São as fadas do santuário das árvores.
E aquelas que estão se escondendo são as ninfas.
Até parecem que são encabuladas.

Neste momento, uma das fadas entra na esfera de Nurias e aproxima-se de Baltar.
O príncipe fica encantado com a beleza e a luz da linda fada.
Ela então beija a palma da mão direita do príncipe, fazendo com que seu nome cósmico apareça.
Após realizar a magia, ela se despede, fazendo-lhes o sinal das três doutrinas.

-Como ela fez isso, mestre? 

Como ela sabe meu nome cósmico?

-Estes elementais são muito sábios, Baltar.
São seres puros.
Eles são a essência da natureza.

-As fadas são lindas, mestre
Parecem princesas encantadas.
Como podem ser tão belas?

-Achaste as fadas belas?
Imagine quando tu vires ás sereias.

-Sereias?

-Acredite, Baltar, são verdadeiras rainhas do mar.
Vamos até a cidade das pérolas, em Netúnia.
Vou te mostrar uma das cidades submarinas que existem na terra mística.

A esfera de Nurias rasga o céu como um cometa de fogo e sobrevoa a terra mística. Milesiano mostra ao príncipe o gigantesco templo dos doze arcanos em Grimória, a terra dos magos da luz. 

Ele vê as terras baixas que estão cobertas pela nevoa escura. 

O druida lhe mostra a terra dos vampiros em Aldegor.
A ilha dos demônios de pedra em Gárgoron.
A cidade das feiticeiras em Vênonstra.
O deserto de Anacons e seus demônios com pele de cobra.
O templo dos magos sombrios na cidade de Egondra.
A terra dos demônios vermelhos na ilha negra de Katran.
A cidade dos gigantes em Calagar.
Os cavalos negros alados nas planícies de Zêtunia.
Os faunos de Monchar, e a cidade dos mortos em Helgamor.
Mais adiante, saindo da névoa escura, Baltar avista a imensa montanha em forma de cálice emergindo o fogo sagrado.
E no meio da chama da vida, milhares de essências brilhando como estrelas incandescentes.

-São iguais as essências que nós vimos no templo do nascimento, no mundo das anjos. Tens razão, mestre druida.
A montanha parece um cálice de pedra, oferecendo o fogo da vida.
É maravilhoso.
Como o criador conseguiu realizar esta magia?

-O criador é o grande mago do universo, Baltar.
Ele é capaz de realizar qualquer magia.
Veja a beleza deste mar.
Olhe as ondas quebrando na areia.
Parecem diamantes de tão brilhante.

-Nunca vi um mar tão azul assim.
Que luzes são aquelas saindo das águas, mestre druida?

-Ali é a entrada para Nêtunia.
Segura-te, Baltar.
Vamos ver a cidade das pérolas.

-Nós podemos mergulhar, mestre Milesiano?

-Esquecestes que estamos na esfera de Nurias.
Com ela podemos ir a qualquer lugar da terra mística.

Milesiano ergue o coelbren até a entrada da cidade submarina.
Um ciclone começa a se formar no mar e as luzes aumentam sua intensidade.
A esfera de cristal mergulha suavemente.
Baltar vê baleias gigantescas.
A esfera de Nurias parece uma pequena bolha de sabão perto delas.
Ele vê os dragões marinhos e uma infinidade de peixes.
O príncipe fica admirado com a beleza daquele mundo das águas.

-Como pode existir tantas criaturas assim, mestre?
Parece que estamos em outro mundo.

-Os oceanos guardam verdadeiros tesouros, Baltar.
O mundo submarino da terra mística é fantástico.
Estamos bem perto da cidade das pérolas.
Veja, Baltar.
Não dize que elas eram lindas.

O príncipe vê as sereias.
Uma delas se aproxima da esfera de Nurias.
Seus cabelos compridos e avermelhados realçam em sua calda dourada.
Seus seios são pequenos e delicados, cobertos por duas estrelas do mar.
Seu rosto é angelical.
Parece uma moldura para abrigar seus olhos azuis.
A linda sereia acena para Baltar, que fica estático diante daquela beleza.

-Por Astartéia, ela é linda, mestre.
Todas as sereias são lindas.
Olhe aquela com o cabelo azul.
Seu corpo está todo coberto de pérolas.
Que lindas.
Elas são verdadeiras princesas.

-Não dize que elas eram verdadeiras rainhas do mar.
Veja, Baltar
A cidade das pérolas.
Contemple a magnífica Nêtunia.

O príncipe não consegue acreditar no que vê. 

A cidade é coberta por uma imensa cúpula de cristal.

Os nêtunios são parecidos com os homens do mundo azul, porém tem nadadeiras nos braços e nas pernas.

As mulheres são belas e formosas.
Sua pele é levemente esverdeada e seus cabelos são compridos e vermelhos.
Algumas estão vestindo armaduras prateadas, empunhando lanças de ouro e pequenas espadas. 

Outras estão vestindo túnicas brancas e azuis.
Estão cobertas de pérolas e argolas de ouro.
A maioria dos homens são guerreiros.
Suas nadadeiras são maiores que as das mulheres, e a pele, um tom de verde mais acentuado. 

Suas armaduras são douradas com o símbolo de Nêtunia gravado no peito. 

Uma concha aberta com um tridente virado para cima.
Alguns estão armados com espadas e escudos, e outros com tridentes de ouro.
No lado de dentro da cúpula, há jardins e templos piramidais.
Algumas pirâmides são douradas e outras são de cristal. 
Suas casas são todas ovais, aglomeradas uma ao lado da outra.
Há também lagos e florestas.
Todos iluminados por uma imensa pirâmide de cristal, que está em cima da cúpula. 

Sua luz é tão intensa que ilumina quase todo o oceano.
Além de iluminar a cidade, sua energia produz partículas de ar, levando oxigênio para todos os cantos de Nêtunia.
Do lado de fora da cúpula de cristal, há vários templos em formas ovais.
Todos prateados, e também há algumas arenas.
Onde os nêtunios domam os cavalos e os dragões marinhos.
Baltar fica impressionado ao ver dois mundos em um só lugar.
Do lado de dentro da cúpula, na floresta, há vários unicórnios, tigres dente de sabre e mamutes brancos.
E do lado de fora, imensas baleias e golfinhos, passeando na imensidão azul.

-Como pode, mestre Milesiano? 

Uma cidade coberta de árvore, nas profundezas do mar? 

Olhe o tamanho desta cúpula.
É gigantesca.
Como eles realizaram esta magia?
Como construíram esta cidade?

-Os nêtunios são muito inteligentes.
São seres evoluídos, Baltar
Eles tem a capacidade de respirar dentro e fora das águas.

-Assim como os atlantes?

-Dizem que um dos mestres atlantes construiu esta cidade quando chegou na terra mística.
Tu estás vendo aquela estaria de cristal no meio da cidade?

-Sim, o guerreiro segurando o tridente.
Parece ser muito poderoso.
Quem é ele?

-Aquele é Nêtuno, um dos mais bravos guerreiros de Atlântida.

-E aquela caverna ao lado da cúpula?
Sua entrada é toda coberta de ouro.
É um templo?

-Ali é uma das moradas de Zelgor.
É um santuário.

-Então poderemos ver o dragão sagrado?

Neste momento Milesiano senti uma forte dor em sua cabeça, e estranha os nêtunios estarem reunindo o exército.

-O que ouve, mestre, tu estas bem?

-Estou tendo um mau pressentimento, Baltar.
Os netúnios são de paz.
Não entendo porque estão reunindo o exército.
Tem alguma coisa de errada acontecendo na terra mística.
Precisamos voltar á superfície.
Temos que encontrar o rei Auri.

- Auri?

-Auri é um guerreiro centauro.
Ele é o grande governante da terra mística
A ele foi dado á chave mista.

-Chave mista?

-É uma pedra azul.
Um diamante mágico que foi gerado na chama de Orion.
Esta pedra é a chave que abri as fendas entre o mundo azul e o mundo da magia. 

Segura-te Baltar, precisamos no apressar.

O coelbren ilumina-se enquanto a esfera de Nurias sobe rapidamente para superfície.

Ao saírem das águas, o druida sente uma presença maligna.
Todos os seres da terra mística estão agitados.
Ele nota que a névoa escura está se aproximando da terra dos unicórnios.
Baltar também estranha uma tempestade que está se formando.

-O que está acontecendo, mestre?
O céu cobriu-se de nuvens escuras.
Veja mestre Milesiano, ali na praia
São os centauros.

- Eles também reuniram o exército
Com quem eles vão lutar?
Veja Baltar.
Ali está o governante da terra mística.
O valente rei Auri.
Vamos até lá.

Milesiano leva a esfera de Nurias até a praia.
Ao pousarem, o mestre druida desfaz a magia.
A esfera de cristal se transforma em pequenas gotas de chuva, e lentamente vão evaporando no ar. 

O príncipe e o mago caminham em direção ao rei.
O guerreiro centauro está empunhando uma espada escarlate e segurando um escudo de ouro. 

Em sua cabeça há uma coroa coberta de rubis.
Em sua cintura há um cetro de cristal.
No pescoço do rei, amarrada á uma corrente de ouro, está a chave mista.
O diamante azul reluz com os raios da tempestade.
Ao se aproximarem, os guardiões centauros abrem passagem para os dois.
O rei então diz:

-Os filhos pródigos sempre voltam para casa.
Que bons ventos lhe trazem, nobre mago?

-Estou mostrando a este príncipe do mundo azul, a magia de vossa terra.
Seu nome é Baltar
Ele é um nobre guerreiro.

-Olá, Baltar.
Teu mestre tens razão.
Posso sentir a força em teu espírito.
Pena que não seja uma boa hora para apresentar-te o mundo da magia.

Milesiano então pergunta ao rei:

-Diga-me, majestade, que mal aflige a terra mística?

-O demônio foi libertado!!!

Milesiano senti um calafrio em sua espinha.
O mago e o príncipe se olham, e ao mesmo tempo bradam o nome que assombra suas almas.

-Aldegaron!!!!

Milesiano aperta o coelbren fortemente, e inconformado pergunta ao rei:

-Mas quem foi capaz de libertar este maligno?

-O dragão negro arrumou um novo discípulo.
Um demônio que aprendeu a magia das trevas.
Ele decifrou a esfera de cristal que Aldegaron estava aprisionado, descobrindo seu verdadeiro nome. 

E conseguiu o que parecia ser impossível.
O universo está sofrendo um grande desequilíbrio.
Aldegaron formará um novo exército facilmente.

Milesiano confirma seu pressentimento.

-Então foi por isso que o tempo parou.
Por isso vocês congelaram dentro do círculo  de proteção Baltar.
Aldegaron parou o tempo.
Para onde o demônio esta indo majestade?

-Breve o mensageiro chegará.
Ele está sobrevoando a terra escura com um pegasus.
Os demônios estão enlouquecidos com a libertação de seu mestre.
Por isso estamos reunindo os exércitos da terra mística.
Agora não teremos mais paz.
Vejam!!!
Ali está o mensageiro.
Abram caminho para ele.

Surgi no céu um cavaleiro montado em um cavalo alado branco.
Sua túnica é vermelha e branca.
Ao se aproximar, Baltar reconhece o misterioso mensageiro.

-É o mentor guardião!!!!
Veja, mestre Milesiano.
O símbolo em seu braço.
A meia lua com a espada virada para cima.

-Então mensageiro, para onde o dragão negro está indo?
O que Aldegaron planeja?

-Não lhe trago boas noticias majestade.
Aldegaron reuniu um exército de gárgorons e está marchando para o mundo azul. 

Tem um outro demônio aliado a ele.
Um demônio conhecedor da magia das trevas.
Ele realizou um feitiço para que os demônios de pedra com suas almas escuras possam atravessar uma das fendas, que separam os dois mundos.

-Mas os demônios não podem atravessar as fendas.
Só eu tenho a chave mista.
Como isto é possível, mago?

Milesiano espanta-se com a notícia trazida pelo guardião.
Também parece não acreditar no que está acontecendo.
Ele então responde ao rei.

-Só existe um feitiço capaz de realizar esta magia.
Um feitiço poderoso guardado á sete chaves em Amazon.
Só não consigo entender como este demônio entrou na ilha sagrada.
Como ele descobriu esta magia.

-O que o dragão negro quer?
Em que lugar do mundo azul ele está indo?

Milesiano olha para o rei e lhe diz com todas as palavras a certeza que lhe vem ao âmago.

-O demônio está indo para ilha fantasma.

Baltar arregala os olhos e assustado diz.

-Para a ilha fantasma? 

Mas o que Aldegaron ia quer lá, mestre?

-O que achas, Baltar?
Aldegaron não quer que nós acendamos a torre com a chama de Orion.
Por isso ele parou o tempo.
Sirom dize-me que o mar estava congelando.
Ele quer nos impedir Baltar.
E este demônio que está com ele também.
Desde que saímos de Gadir, eu venho sentindo uma presença má na trirreme.
Alguma coisa está tentando nos impedir de chegarmos a ilha sagrada.
Sinto que Amazon corre grande perigo.

-E o que faremos então?

-Precisamos voltar para o mundo azul e enfrentar este demônio.
Temos que nos apressar.

Neste momento centenas de vultos surgem no céu e risadas e gritos se espalham por entre a névoa escura.
Um dos guerreiros centauros então grita.

-Vejam!!!!
São as feiticeiras de Vênonstra e os magos negros de Egondra.
Os demônios já estão se reunindo para batalha.

O rei Auri então diz:

Guerreiros, reúnam os exércitos, preparem-se para batalha.

-Veja majestade!!!!

Grita um dos guerreiros.

- São os elfos.
Os arqueiros do santuário das árvores.
Finalmente chegaram.
No mar também
Veja grande rei!!!!
Os nêtunios estão vindo com seus dragões marinhos.
E os magos de Grimória estão iluminando o céu com seus cavalos alados.

O rei ergue sua espada e dá a ordem para que os guerreiros centauros se reúnam aos elfos, aos netúnios, e aos magos da luz.
Ele então diz ao mestre druida:

-O jovem príncipe não pode mais ficar aqui.
Terás que leva-lo de volta ao mundo azul.

Baltar aproxima-se do rei e diz:

-Deixe-me ficar, majestade.
Eu posso ajudar.
Dei-me uma espada e eu estarei pronto.

-Tu és muito corajoso, jovem príncipe, mas não podes ficar.
Tu ainda não estás preparado.

-Diga para ele, mestre Milesiano.
Diga ao rei que eu posso ajudar.

-Tu ainda não estas preparado para lutar na terra mística, Baltar.
Aqui não é como no mundo dos quatro regentes.
Irei levar-te de volta e depois voltarei.
Preciso encontrar o dragão sagrado.

O mentor guardião aproxima-se do mestre druida e lhe diz:

-Deixe que eu leve Baltar em segurança, mestre Milesiano.
Eu o protegerei enquanto tu ainda estiveres aqui.

-Tu és mesmo um nobre, guerreiro.
Baltar, tu seguirás com teu mentor guardião.
Ele te protegerá.
Guardião, leve-o para a terceira dimensão, para o mundo dos sonhos.
Cuidado, pois o mentor sombrio irá persegui-los.
Tentarei impedir Aldegaron.
Quando o tempo no mundo azul descongelar, leve o príncipe de volta para o mundo azul. 

Lembre-se, Baltar, tu não vais te lembrar de nada que vivemos aqui, mas estes tesouros ainda ficarão guardados no teu inconsciente.
E quando tua terceira visão desapertar, tu te recordarás de tudo.
Ouça com atenção estas palavras que eu vou te dizer.
Tu já estas preparado para acender a torre, Baltar.
Não importa o obstáculo que venha surgir no teu caminho.
Não desista.
Acredite em tua força.
Acenda a torre com a chama de Orion.
Pois nossos destinos estão nas tuas mãos.
Desperte a chama de Orion novamente, para que possamos seguir nosso caminho. Precisamos chegar a ilha sagrada
Que o grande criador te acompanhe.

O mestre druida despede-se do príncipe fazendo o sinal das três doutrinas.
Baltar com olhos lacrimejados, diz a seu mestre.

-Me lembrarei de tudo, mestre, de cada momento que vivemos juntos.
De tudo que eu aprendi nas dimensões superiores.
De todas as maravilhas que vi.
Prometo-lhe que acenderei a torre.
Farei emergir a chama de Orion novamente e acabarei com a maldição da ilha fantasma. Prometo que em breve estaremos de volta na trirreme, para ouvir mais uma de suas estórias.
Obrigado por me mostrar a verdade, grande mestre.

Baltar sobe no cavalo alado junto com o mentor guardião.
O druida ergue seu coelbren e recita o mantra mágico, abrindo um portal para o mundo dos sonhos.
O pegasus atravessa a fenda e os leva para a terceira dimensão.
Milesiano então faz um pedido ao rei centauro.

-Majestade, preciso de um grande favor, que somente vossa grandeza poderá ofertar-me.

-Peça, nobre mago, o que queres?

-Preciso que abras uma fenda para o mundo azul e dei-me permissão para levar um dos seres da terra mística comigo.

-E quem pretendes levar?

-Preciso de Zelgor, o mágico dragão azul.

-O dragão sagrado?

-Só ele poderá me ajudar a deter Aldegaron.
Prometo que ficarei com ele somente por um único dia.

-Tu és um grande mago.
Sei o que estas sentindo, mas não deves te culpar.
Quando prendestes Aldegaron, também prendeu seu senhor, mas a maldade de Heylel não pode ser aprisionada. 

Muitos seres se corrompem facilmente pela magia das trevas. 

Tu realizaste tua missão brilhantemente.
Impedisse que o dragão negro criasse um novo exército.
Pelo menos por um bom tempo.
Te darei permissão para levares o dragão sagrado contigo.
Sei que usará sua magia sabiamente.
Vá e concretize tua missão no mundo azul, mago dourado
Guerreiros!!!! 

Encontrem Zelgor!!!
Preciso que tragam o dragão sagrado até aqui.
Onde queres que eu direcione a fenda, Solários?

-A tempo que ninguém me chama por este nome, majestade.
Preciso que abras uma fenda direcionada para a ilha fantasma.
Pois é para lá que Aldegaron está marchando com os demônios de pedra.
Vou marcar o local onde Zelgor deve atravessar.
Obrigado nobre rei.
Tenho orgulho de ter um centauro gravado em meu peito, representando minha estigma. 

Espero um dia lutar ao vosso lado em Hiperbória.

Milesiano ergue o coelbren e desenha uma estrela de cinco pontas com dois triângulos pequenos de cada lado, em cima do mar da terra mística, marcando o portal para fenda.
O druida então se despede do rei centauro fazendo o sinal das três doutrinas e volta para o mundo azul, para a amaldiçoada ilha fantasma.
Sua batalha contra o mal está apenas começando...


The Orion Flame

Alexsandro Ribeiro 🔮