Santa missão
Quantas torturas a filha do carrasco realizou?
E quantos corpos arderam na fogueira?
Quando a língua era cortada e sangrava
E olhos eram dominados pela cegueira
Quantas mulheres foram estupradas
Pelos guardiões da santa cruz?
Nem se juntassem todos os papas
Nem se mil desculpas fossem dadas
Apagariam as manchas de sangue desta cruz
Quantos filhos bastardos
Quanto sangue derramado
Quem seriam os culpados por esta ímpia propagação?
Aqueles que rogam de joelhos pedindo perdão
Os virtuosos da santa inquisição?
🌷
Hera
Foi no calor dos meus braços
Que aprendestes a amar
Libertando-te de todos os laços
Sentindo-te livre para voar
Tão qual foi tua alegria
Ao desvendar tua liturgia
Que no teu corpo percorria
Tua essência feminina
Nem em outra era
Poderia ter-te assim tão Hera
Uma rosa desabrochada
Iluminada na primavera
Teu perfume ainda veste minha pele
E teus beijos ainda passeiam pelos meus sentidos
🌷
Anjo caído
Sou um anjo caído que vagueia na escuridão
Voando baixo pelos confins de uma terra devastada
Destruída pelas mãos da ingratidão
Outrora pelos deuses abençoada
Hoje minhas asas estão tão pesadas
Mal consigo abrir minhas asas
Amanha os demônios irão rir de mim
Quando me aproximar do meu próprio fim
Talvez não haja esperança
Talvez só me reste esperar
Que minhas asas descongelem
Fazendo-me novamente voar
Voar bem alto até planar no horizonte
E assim seguir suavemente como antes
🌷
Meu legado
Meu legado não será dividas
Nem minhas promessas não cumpridas
Meus legados não serão restos
De uma vida mal vivida
De que servirá estes versos
Se a liturgia dos poetas
Não imortalizar estas linhas?
Servirá para que se não for lidas?
Meu legado virá depois de minha morte
Minhas palavras perpetuarão no tempo
Imortalizadas em meus sonetos
De mim ficará a lembrança
De um poeta que amou e foi amado
Imortalizando seus versos nos corações desolados
🌷
Nostrum putas
Oh! Imaculadas senhoras desvirginadas
Rogai por mim, pecador insano
Vos que foram pela vida estupradas
Vagando pelas ruas do abandono
Vendendo o corpo em troca de moedas
Saciando a sede dos impuros
Alimentando a mente dos poetas
Que consomem vossas carnes no absurdo
Aprisionadas entre paredes e cubículos
Rechaçadas, esmigalhadas, humilhadas
Envenenadas pela ilusão do vicio
Santas putas, prostitutas milagrosas
Que fazem os hereges rezar em vossas coxas gostosas
Abençoai com vossas bucetas a minha tristeza
🌷
💙
Nenhum comentário:
Postar um comentário