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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Sonetos Expurgos VIII ✒📃 🎼






Santa missão


Quantas torturas a filha do carrasco realizou?
E quantos corpos arderam na fogueira?
Quando a língua era cortada e sangrava
E olhos eram dominados pela cegueira

Quantas mulheres foram estupradas
Pelos guardiões da santa cruz?
Nem se juntassem todos os papas
Nem se mil desculpas fossem dadas

Apagariam as manchas de sangue desta cruz
Quantos filhos bastardos
Quanto sangue derramado

Quem seriam os culpados por esta ímpia propagação?
Aqueles que rogam de joelhos pedindo perdão
Os virtuosos da santa inquisição?


🌷


Hera


Foi no calor dos meus braços
Que aprendestes a amar
Libertando-te de todos os laços
Sentindo-te livre para voar

Tão qual foi tua alegria
Ao desvendar tua liturgia
Que no teu corpo percorria
Tua essência feminina

Nem em outra era
Poderia ter-te assim tão Hera
Uma rosa desabrochada

Iluminada na primavera
Teu perfume ainda veste minha pele
E teus beijos ainda passeiam pelos meus sentidos


🌷


Anjo caído


Sou um anjo caído que vagueia na escuridão
Voando baixo pelos confins de uma terra devastada
Destruída pelas mãos da ingratidão
Outrora pelos deuses abençoada

Hoje minhas asas estão tão pesadas
Mal consigo abrir minhas asas
Amanha os demônios irão rir de mim
Quando me aproximar do meu próprio fim

Talvez não haja esperança
Talvez só me reste esperar
Que minhas asas descongelem

Fazendo-me novamente voar
Voar bem alto até planar no horizonte
E assim seguir suavemente como antes


🌷



Meu legado


Meu legado não será dividas
Nem minhas promessas não cumpridas
Meus legados não serão restos
De uma vida mal vivida

De que servirá estes versos
Se a liturgia dos poetas
Não imortalizar estas linhas?
Servirá para que se não for lidas?

Meu legado virá depois de minha morte
Minhas palavras perpetuarão no tempo
Imortalizadas em meus sonetos

De mim ficará a lembrança
De um poeta que amou e foi amado
Imortalizando seus versos nos corações desolados


🌷



Nostrum putas


Oh! Imaculadas senhoras desvirginadas
Rogai por mim, pecador insano
Vos que foram pela vida estupradas
Vagando pelas ruas do abandono

Vendendo o corpo em troca de moedas
Saciando a sede dos impuros
Alimentando a mente dos poetas
Que consomem vossas carnes no absurdo

Aprisionadas entre paredes e cubículos
Rechaçadas, esmigalhadas, humilhadas
Envenenadas pela ilusão do vicio

Santas putas, prostitutas milagrosas
Que fazem os hereges rezar em vossas coxas gostosas
Abençoai com vossas bucetas a minha tristeza


🌷






💙



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