Translate

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Notas Rubras II ♥✒📃





A valsa das rosas


Lembra quando dançávamos  á luz do luar, meu amor?
E as rosas giravam, iluminadas, no jardim das petúnias.
Ali nossos corpos rodeavam, deslizando ao som dos violinos
Que alçava-nos a urbe da luz, nos iluminado de azul

Dançávamos ao som do Danúbio, seguido por outra valsa
E mais uma, assim se fazia, sem pensar na hora, mas que hora?
Se não existia, era só nós dois
Dançando á luz da lua

Até nas noites frias, mas que frias?
Se o calor nos aquecia
Em cada dança, ali se fazia
Um passo de magia

E nos bailes de máscaras? Lembra?
Sempre um cavalheiro roubava-te dos meus braços
E mesmo distantes, nossos olhos
Estendiam-se na mesma vértice que nos unia

Éramos um do outro, meu amor
Que adorável companhia
Tê-la ao meu lado, assim
Todos os dias

Agora, uma púgil agonia
Em meu peito se afia
Ao lembrar-me destes momentos
Oh! Que tristeza! Em meu coração se alogia
Desde que partiu
Vivo esta tormenta
A dor me castiga, em infinita sentença
Porque meu amor, me deixaste?

Meu pensamento viaja, tentando encontrar
A substância que esvaiu do teu corpo, ao postemar-se
Vejo teu sorriso em cada estrela, mas não consigo alcançar-te
Porque meu amor, me deixaste?

As vezes sou capaz de ver-te, dançando no véu da noite
Iluminada, me sorri, sorri, mas não diz nada
E ao alcançar-te em desespero, desapareces
Como nevoeiro, dispersando-se por inteiro

Oh! Espírito iluminado
Porque não me levas contigo?
Quero ficar ao teu lado
Dançando eternamente no luar encantado

Hoje mais um dia, sonho acordado
E ao olhar as petúnias mortas no jardim
Lembro-me de como éramos felizes
Também hoje, mais uma vez, venho trocar as rosas de teu jazigo

E ao sentir tua lápide fria em meus pés
Mais uma lágrima surgi em meu rosto sofrido
Digo-te, meu amor, como sempre digo
Hoje as petúnias estão mortas, mas as rosas girarão
Iluminadas pelo teu sorriso.






Sol negro


Fitei meus olhos no horizonte
Onde um sol negro despertava
Em minha memória veio a lembrança
Dos tempos de outrora
Onde a luz existia
Repleta de glória

Lembrei-me das aves que cruzavam os céus
Passeando na plenitude, pairando como algodões
Na leveza das nuvens

Lembrei-me do mar que banhava as praias com seu manto
Beijando com espumas de prata
Águas salgadas de pranto

E as árvores? Ah! Que saudade das árvores
Que verdejavam as florestas e os campos
E agora o que resta? Além de brasas e cinzas dispersas

Lembrei-me das pessoas
Os humanos antes tinham pele e cabelo
E também não eram tão tristes quanto hoje

A melancolia me atinge
E do meu rosto uma lágrima se lança ao desespero
Meus olhos sem cílios prantam em silêncio.

Ao ver de longe, o astro onipotente
Que antes era rei
E agora é apenas, uma estrela carente





Fantasma


Eu sou o fantasma que te visita à noite em teus sonhos proibidos e te acalenta no frio do teu coração límpido.
Eu sou a máscara em teus olhos cegos de paixão.
Eu sou a música nos teus ouvidos.
Uma ópera que sopra em tuas entranhas
A canção do vento
Eu sou o amor, e no teu coração, eu serei o sentimento.





Medusa


Não pude suportar tal dor
Que em meu peito agonizava
Espetando-me como um espinho
De uma rosa desabrochada
Não!!!
Não quero pertencer á seiva da morte
Meu pensamento se liberta
Buscando encontrar a glória
E mesmo que meus olhos
Vejam imagens sujas de sangue
Não cegarei minhas vistas
Seguirei adiante
Não infame!!!
Não me julgues!!!
Se és cego, surdo e burro
Deixe-me com minha ousadia
Pois quando a MEDUSA petrificar tuas entranhas
Estarei eu, nos braços de Quimera
No repouso das horas
Semeando a primavera.





O verme


Ao decompor-se, o corpo já apodrecido
Metamorfoseou-se em um líquido espesso, amarelado
E ao ser sugado, embrenhou-se ao estomago da mosca varejeira
Que lentamente o sugava

Após extraordinária transmutação
Produziu-se uma espantosa manifestação
Fazendo a mosca defecar o verme
Em meio a podridão

Submergido em um caldo azulado
Estava o verme
Em estado espantado
Tentando livrar-se daquela bolsa fecal

Ao colocar a cabeça para fora
Após romper a grossa membrana
O verme esforçou-se, conseguido tirar seu corpo
Lançando-se ao chão com um hibrido mergulho

Livre daquela prisão, rastejou suavemente
Deixando um rastro meloso no chão
E aos poucos as luzes foram acendendo
Fazendo o verme recuperar a visão

Á sua frente, a surpresa
Estava o verme em frente a um jardim de violetas
E sem perder tempo, foi logo tratando de rastejar
Indo ao encontro das lesmas

Ao chegar, o verme foi expulso pelos molúsculos gastrópodes
Que lançaram-no um olhar de repulsa
-Vá ao encontro dos seus! Gritou uma das lesmas
-Estão ali! Ali no corpo decomposto!!

O verme emocionou-se ao ver uma nuvem de vermes
Fervilhando em uma carcaça apodrecida
E assim, juntou-se aos seus
Dando continuação a vida, que ali, lentamente se esvaia....





Metamorfose


O casulo se fecha, preparando a metamorfose
A larva embrenha-se num silêncio colorido
E a dor que sente, a alivia
Revelando-a borboleta.





Crepúsculo de um dia


És tu, o meu alaúde
Minha paixão, minha alegria
Em teus braços, meu amor
Minha vida entregaria

E se a morte de ti me roubar
Estarei eu num pranto á chorar
Derramando um mar de lágrimas
Além de despedida

Mas assim como um sol que nasce
Em um novo amanhecer
Estarei te esperando
Até teu jardim, novamente florescer






O vale dos malditos


Eram como vermes, impregnados na mesma podridão
Tinham os olhos arregalados e as orelhas pequenas
Horrorizei-me com a cena que ali se fazia
No lugar da boca, não havia boca, e sim uma cloaca suja
Onde os seres repugnantes vomitavam fezes esbranquiçadas
Eles vomitavam e comiam de volta
Após comerem suas próprias fezes
Eles comiam as fezes dos outros
Eles me olhavam com olhar de ódio
E tentavam me atingir com aquelas fezes fétidas
Mas não conseguiam, pois onde eu estava havia luz
E as criaturas não se aproximavam da luminosidade
Apesar de estar protegido pela luz, estava preso
Pois ali não havia saída.
Para sair, tinha que passar pelas feras bestiais
Sem pensar muito, comecei a correr em direção ao outro lado
Onde os estranhos seres agitavam-se de maneira enlouquecida
Ao aproximar-me das nojentas criaturas
Tranquei a respiração e fui passando por entre elas
Seus corpos eram úmidos e gelados, cobertos por uma baba viscosa
Bolhas de pus explodiam conforme eu encostava neles
Notei que os que ficavam para traz, eram maiores e mais nojentos
E os que estavam á minha frente, tinham uma forma meio humanóide
Minha curiosidade despertou, fazendo-me diminuir o  passo
Era algo perturbador
Der repente as bestas pareciam seres humanos
Alguns balançavam a cabeça, inconformados
Outros choravam, um pranto sofrido
Fitei meus olhos na fileira seguinte
E tive uma surpresa
Em minha memória se fez uma lembrança
E só naquele momento, eu entendi porque estava ali
Veio-me um sorriso a face ao vê-los naquela fila horrenda
Um deles, fingindo não me conhecer, perguntou:
-Hei! hei! Tu ai! Diga-nos, o que tem lá no começo da fila?
-Nada além do que já estas acostumado a ver. Dize-lhe
Pois lá tu farás as mesmas coisas que vem fazendo até hoje.
-O que? Perguntou-me ele. Abestalhado
-Lá tu comerás tua própria merda, e não satisfeito, comerás a do outro, e sempre que vires alguém estendendo-se a luz, tentará atingi-lo o com teu excremento.
-E tu, para onde vais? Perguntou o maldito, com o ar raivoso
-Eu? Respondi com um ar irônico
Eu vou para o Club dês Hashishins juntar-me aos meus amigos.
Vir-lhe-ei as costas, e segui, cantarolando...
- Heaven, I'm in Heaven, And my heart beats so that I can hardly speak;
And I seem to find the happiness I seek
When we're out together dancing, cheek to cheek
Heaven.....






Eclipse


A lua vive na solidão, sem amor, sem ilusão
E guarda no pensamento a lembrança da paixão, que tenta esquecer.
E sem razão de dizer que ainda ama, continua a sonhar com o sol.
O sol porém, alem de não a conhecer, também espera por ela em algum alvorecer
E quando este encontro for encontrado, o céu ficará místico, mágico, iluminado.
E no cosmos infinito, mais um planeta com amor a ser gerado.






Sangra


Sangra esvaindo o que já não há
sangra o que se perdeu ao se ganhar
sangra antes que o sal ponha-se a chorar
e como um punhal de puro fel, sangra
até não mais amar






A bruxa do Bom Fim



 Certa vez há vi no parque da redenção.

 Ela estava dançando com as árvores

 E bebendo gotas de orvalho em um cálice de carmim.

 Uma luz harmoniosa exalava de sua áurea radiosa.

 Seus cabelos negros brilhavam á luz do sol

 E seus olhos cor de turquesa tinham a mesma tonalidade do céu.

 Que a cobria como um exuberante véu azulado.

 Um vestido lilás moldava seu corpo maravilhoso.

 Ela estava descalço, com apenas uma tornozeleira na perna esquerda.

 Onde um gato preto roçava-se sinuosamente conforme ela dançava.

 Suas mãos eram tatuadas com rena e em seu pescoço

 Havia um pentagrama de prata.

 Hipnotize-me com a beleza da rainha.

 Que parecia ter saído das profundezas da natureza.

 Aproximei-me em leves passos, e para minha surpresa

 Ela havia me notado.

 Mergulhei naquele olhar

 Como se mergulhasse nas profundezas de um mar brilhante.

 Dos meus ouvidos, ouvi sinos e gritos.

 E dos céus caíram gotas de diamantes.

 Estava mergulhado no feitiço.

 Em minha volta estavam todos congelados.

 O tempo havia parado como que por encanto.

 E somente as árvores dançavam com o vento.

 Ela caminhava em minha direção

 Flutuando no ar, segurando um cetro dourado em uma das mãos.

 Olhei para o gato, que não era mais gato.

 Era um ser sombrio, esquelético, mórbido, encapuzado.

 Olhei para o lado, onde bestas, meio humanas, meio bichos

 Fornicavam na relva, onde uma orgia começava.

 Der repente ouvi o som de um clarim.

 E ao olhar em direção a fonte

 Vi três serafins cortejando uma ninfa.

 Que dançava nua em um jardim de orquídeas.

 Estava totalmente alucinado por aquele encantamento.

 Que parecia ter elevado-me ao paraíso.

 Então um tremor se fez em minhas vértebras.

 Ao vê-la colada aos meus olhos.

 Subitamente, rasguei seu vestido, enquanto o vinagre escorria em sua boca.

 Deitamos ao chão e ali nos amamos.

 Nos amamos até a lua presentear o céu com sua face luminosa.

 Era uma sexta feira,13, no mês de outubro, de um ano bissexto.

 Até hoje sinto seu perfume adornando os poros da minha pele.

 E seus beijos de carmim ainda latejam em meus lábios.

 Até hoje lembro do sorriso luminoso dela se abrindo para mim.

 Sonho todos os dias em reencontrá-la.

 Aquela Deusa feiticeira.

 A bruxa do bom fim.






Noviça


Ao ouvir as perversas notas ditas de uma língua lasciva e cruel
permitiu-se entregar-se a um falo ungido ao mel
entregou-se extremamente
desaguando amor e fel
e assim molhada a vida
embrenhou-se a fantasia
para não mais ressequida
Viver sem véu





A dama negra de Lord Byron


Fria ao leito deitou-se nua e refrigerou-me adormecido
sem meras ver a pálida mão
silenciar-me ao ter sorrido









💙








Nenhum comentário:

Postar um comentário