domingo, 1 de março de 2020

O Bufão 💙 🎭






Peça Teatral 🎭


O Bufão


Ele vestiu-se elegantemente em sua fantasia.
Banhou-se um pouco mais com seu perfume amadeirado, misturado com folhas de laranjeira.
Tirou do bolso uma nota.
Correu os olhos ligeiramente, e deu mais uma lida.
Tudo estava perfeito.
Segundos lhe separavam de seu grande momento.
Em sua mente um único pensamento.
Uma dança com ela era tudo que ele mais desejava.
Seu coração batia forte como um tambor.
Suas mãos suavam gelado, e o ar lhe faltava nos pulmões.
O grande momento estava chegando.
A dúvidas que lhe afligiam, aos poucos eram trocadas por esperançosas expectativas.
Ele então colocou sua máscara, e antes de encenar seu grande ato, olhou-se mais uma vez no espelho e lançou-lhe um sorriso harmonioso ....


Ato I


O Tolo 🎭


Sou um apaixonado, “tolo”, que percebe o amor somente vindo de tua jactância, como um aroma adocicado que se impregna na leveza de uma alma pura.
Lanço as lanças contidas em meu peito e me desarmo por inteiro diante de tal beleza assim tão fascinante.
A “beleza”, que encanta os sentidos de um ser imperfeito, porém tão apaixonado quanto um beijo, no qual o veneno faz libertar.
Como a fúria incontrolável de um amor nervoso, que se vai à imensidão profunda de um coração apunhalado por um punhal cruel, que sangra gotículas de desejo.
Sou tolo sim, minha amada, pois somente em ti me sinto vivo, somente em ti, me sinto completamente completo.
 Porque me torturas em teu desprezo? Seria este o meu preço?
A recompensa de amar sem ser amado, como um cavalo alado que voa incansavelmente, seguindo a linha do horizonte, até congelar suas asas no gelar da angustia.
Ah!! De quem seria a culpa?
A tal culpa que os apaixonados inventam em seus devaneios.
A culpa da loucura por um amor imperfeito, pois somente completo o amor se torna verdadeiro.
Somente ligado á dois elos o amor se fortalece.
Não há coração que suporte andar sozinho na escuridão de um caminho sem luz.
É ser cego, pois a paixão também cega os olhos dos apaixonados.
É ser mudo, pois o silêncio silencia a voz dos coitados, que amam sem serem amados.
Ah!! O amor em sua mais impetuosa forma.
O amor que faz sangrar lágrimas de dor, como um oceano que inunda uma praia deserta e sem vida, onde o único sopro se eleva com as areias perdidas e esquecidas pelo tempo.
Sou mesmo um tolo! E serei eternamente tolo e apaixonado.
O tempo não é capaz de acalentar um coração atormentado pela paixão.
Não!! Um olhar fulminante que feri com seu desprezo não pode acalentar nenhuma dor.
Amar é sofrer!
Ah!! O amor sentido nas lacunas mais profundas da alma.
A luz que dá vida ao sentimento.
Eis teu olhar, que finge não me ver.
Talvez aja algo a ser encontrado para que possa ser notado por um único momento.
Entrar em tua visão como um fantasma elétrico, como um raio gama que libera o absinto de sua essência, e assim ficar guardado em teu pensamento.
Tocar teu coração com o toque de minhas mãos mornas de desejo.
Senti-la fremir por inteira junto ao meu peito.
Nesse momento, não seria eu mais um tolo, seria sim o “homem” que habita teus mais secretos sonhos.
Os sonhos mais profundos que anseiam ser encontrados, como uma rosa que desabrocha no meio de uma tempestade, e com tal eletricidade, despedaça-se em sua mais pura fragilidade. Envolver-te nesta fantasia talvez seja covardia.
Covardia minha por ser assim tão astuto, meticulosamente argiloso e maquiavélico.
E qual artimanha seria mais valiosa que uma fantasia?
Fantasiar teus olhos virgens seria o mesmo que desvendar os segredos mais ocultos do amor. Apresentar-lhe as cores de uma paixão arrebatadora e faze-la morrer mesmo estando viva. Onde o prazer misturado á fantasia, fizesse-a estremecer inteiramente, como uma pequena colina que se desloca com um terremoto furioso.
Talvez á queimasse no fogo ardente de meus beijos.
Ah!! A fantasia, serias para ti como o libertar de uma alma aprisionada por uma vida sem amor, enclausurada pelo sofrer de paixões incompletas e deformadas.
Tenho a fantasia que queres minha amada.
Através de minha máscara vejo teus olhos, mesmo fingindo não me notar, anseiam por minha presença.
Se tenho má fama, não faça disto minha sentença.
Pelo menos uma valsa antes te tirar tais conclusões?
Deixe-me segurá-la ao meu corpo para que possas sentir o pulsar do meu coração.
Deixe-me segurar suas mãos, mesmo revestidas pelas luvas de cetim, quero sentir o umedecer de seus dedos.
Assim poderás concluir quem sou....


Ato II


O Flerte 🎭


- Espero que a senhorita tenha gostado do meu poema.
Talvez não o tenha declamado com a perfeição que a bela dama merecesse ouvir.
Mas culpo o vinho por tal negligência, pois quando me toma as veias, assim displicidamente, me deixa um tanto eufórico
Não me julgues pela minha roupa.
Estou vestido de bobo da corte apenas para arrancar sorrisos harmoniosos.
Harmoniosos como estes, que agora percebo em vossos lábios.
Se me permitires dizer
Diria que tais lábios assim tão avermelhados
Parecem morangos umedecidos em uma calda açucarada.
Tão doce quanto o desejo que palpita dentro deste peito atormentado.
O que seria de fato, o amor batendo á sua porta.
Portanto, não me julgues assim á primeira vista.
Apesar de ter notado vossa presença já em outros bailes.
Gostaria de dizer que só me apresento hoje por não puder mais adiar este inevitável encontro.
Quando descestes da carruagem, percebi que vossa companhia, assim como nos bailes anteriores, era de vosso pai, percorreu-me pelo corpo, desde a primeira vez, uma alegria indescritível.
E ao notar discretamente que não há nenhum anel de compromisso em vossa mão, resolvi tomar a iniciativa de apresentar-me a senhorita.
Devo confessar que este poema que acabastes de ouvir foi inspirado na ânsia deste encontro.
Talvez já tenha lido alguma coisa minha nos folhetins que circulam pelo reino.
Não sou de aparecer em público.
Por tanto posso garantir que a senhorita nunca me viu em nenhum outro lugar que não fosse nos bailes de máscaras.
E permita-me a ousadia, isto faz este encontro ainda ser mais interessante.
Noto pelo seu sotaque francês que és parisiense.
Ah! Paris, a terra dos amantes
Estive lá umas cinco ou seis vezes, se não me falta a memória.
Encantadora cidade a sua, senhorita.
Devo confessar-te que só visitei os lugares nobres.
Ao contrário de muitos lordes ingleses que acham Paris decadente, eu á vejo como uma cidade luminosa.
Ah! Mas que descuido o meu.
Desculpe não me apresentar com a formalidade que um cavalheiro deve apresentar-se á uma dama.
Meu nome é Leonardo Victolleto, nascido na província de Florença, na região da Toscana, mas considero-me mais inglês do que florentino.
Por tanto podes me chamar de Leonard.
Resido em Londres desde muito jovem.
Eu faço parte da companhia do Sir William.
Não!! Não sou ator, apenas o ajudo em seus ensaios.
Digamos que eu seja apenas um curioso aprendiz deste magnânimo mestre.
Estamos á escrever uma nova peça.
Modéstia á parte,  posso dizer que a idéia inicial foi minha.
Tendo em vista que a peça foi inspirada em uma estória passada na terra de meus antepassados, na província de Verona.
Ainda não há titulo.
O nome provisório é “Amor proibido”.
No qual muito me agrada, pois este titulo, na minha opinião, enaltece a essência desta obra grandiosa, como uma vela luminosa colocada em um altar sagrado.
Mas quem sou eu para divergir do Sir William?
Como disse a senhorita: Sou apenas um aprendiz.
Vejo pelo brilho radiante de seus olhos que deva estar curiosa para saber mais sobre esta nova peça, mas de nada posso fazer para cessar tal curiosidade.
Pois meu comprometimento com ela vai além de qualquer expectativa.
É um segredo muito bem guardado.
Poucos, muito poucos sabem desta peça.
Devo confessar- te, que nem o rei sabe de sua existência.
Como disse senhorita: Este é um segredo fechado á sete chaves.
Talvez não devesse, pois isto me custaria muito caro, mas diante desses olhos luminosos que se salientam nessa fina e branca moldura, posso permitir-me, metaforicamente, saciar-lhe a curiosidade...


Ato III


O Amor 🎭


Talvez o amor seja o crepúsculo dos deuses que ainda não encontraram o amor...
Quem é capaz de entender o amor?
O amor que inunda a alma de sentimentos, queimando lentamente a essência em um fogo prazeroso, fazendo o corpo trepidar de desejo, onde os sentidos e os ardores misturam-se ao gosto do beijo, fazendo o espírito voar em um céu luminoso e infinito.
Ah! O amor e o seu grito, ás vezes silencioso, sufocado dentro de um peito apaixonado, que grita incessantemente querendo ser amado.
 O amor que liberta, que constrói alicerces, que nos ergue ao ponto mais alto dos sentimentos
O amor cego que não enxerga nada além do amor, o amor puro e inocente que cresce junto com o desejo, alimentado a paixão
Ah! O amor...
Só o amor  alimenta a alma quando o corpo tem fome de vida
Só o amor dá esperanças para aquele que está no chão.
Só o amor dá luz ao espírito na escuridão.
Ah! O amor...
O amor que nos faz acreditar que estar vivo é um dom divino
O amor que faz tudo ser tão bonito, perfeito como um sol dourado em um dia belo, que ilumina o coração dos amantes com sua luz harmoniosa.
 A mesma luz que está a iluminar teus olhos neste momento, senhorita,
É esta luz que dá vida ao amor, que o faz pulsar dentro do peito, que nos faz enlouquecer em nossos devaneios, que nos cega, que nos devora, que nos sustenta, que nos abate em uma interminável tortura, deliciosamente saborosa.
O amor também faz sofrer, é verdade, talvez este seja o único sofrimento que sejamos capazes de suportar, pois só deixamos de sofrer quando encontramos um novo amor para amar
A paixão alimenta a esperança, não se importando com as armadilhas que há no caminho
 Uma paixão não correspondida pode se tornar um amor verdadeiro, e um amor verdadeiro pode se tornar um amor traiçoeiro.
Quem é capaz de entender este nobre sentimento?
Que fulmina e que liberta ao mesmo tempo.
Não há palavra, não há sentido, não há verso, nem soneto, capaz de descrever este sentimento. Talvez sua única linguagem seja o beijo.
O beijo ardente, o beijo terno, um beijo arrependido, um beijo de perdão, um beijo envergonhado.
Talvez o beijo seja a tradução do amor, como a junção da alma e o corpo
 Lhe pergunto então senhorita: De todos os amores, qual o mais eloquente, o mais dolorido, o mais desejado? O amor que nos vem como uma espada atravessando o coração com uma única punhalada.
Qual amor seria mais desejado que um amor proibido?
Pois eu lhe digo: Não há!
Quanto mais proibido for o amor, mais desejado ele será.
Quanto mais barreiras houver, mais forte ele ficará, ah!
O amor proibido: O segredo secreto escondido em dois corações, apaixonados, impedidos de amar. O amor refletido através dos olhos impedidos de enxergar.
E porque nestes, o amor é tão mais bonito?
Sabes responder senhorita?
Pois eu lhe digo: O amor proibido é como um fogo brando que queima lentamente o coração, dissolvendo a alma em um desejo interminável.
Onde as mãos não podem se tocar.
Onde os olhos, mesmo estando na mesma vértice não podem se olhar.
Onde as bocas, mesmo insaciadas de desejo, não podem se beijar.
Onde dois corpos, mesmo ligados ao mesmo sentimento, são impedidos de amar
Eis o amor proibido senhorita: O amor mais desejado pelos amantes
Quanto mais proibido o amor, mais desejado ele será....
É como queimar-se no fogo do próprio ardor, e morrer lentamente com o veneno do próprio desejo.
 Ah! O desejo que nos devora por inteiro, como um pássaro flamejante que voa tão veloz quanto á luz.
Rasgando o peito, fazendo o corpo palpitar o amor em todas suas artérias.
Queimando, ardendo, pulsando, vibrando, destilando seu vinagre em sua mais pura alquimia
Transformando o ardor em um néctar precioso, que ao evaporar-se na mente, transcende o espírito, elevando-o ao grau mais alto dos sentimentos.
Desejar é perder os sentidos, perde-se nos labirintos do próprio corpo, errar os passos, subir ás nuvens, congelar-se em um único momento, onde o tempo não é capaz de existir.
 Ã‰ travar a língua quando se tem vontade gritar.
 Ã‰ voar em céu sem fim em um azul infinito.
 Ã‰ cegar-se diante da mais radiante luz.
 Desejar é amar.....
Para os amantes não existe amor sem desejo, assim como a língua ao beijo e o torpe ao veneno. Assim com essa luz em seus olhos não é capaz de existir sem seu radiante espírito.
Por tanto, lhe digo senhorita: O desejo é amante do amor
Juntos, eleva-nos ao mais esplendido sentimento.
 Um sentimento onde somente dois corpos ungidos pelo fogo ardente da paixão podem chegar.
E se for proibido tal desejo, mais ele queimará neste cálice de fogo.
O cálice que transforma o amor em vida e a vida em amor, como uma roda que gira incessante na essência do ser, dando continuidade a magia da existência.
É sobre isto que fala esta peça, senhorita: O amor avassalador, que mesmo proibido é capaz de libertar o espírito para que duas almas possam voar livres nas asas da paixão.
É sobre o sacrifício que muitas almas cometem em nome do amor, o mais puro e desejado amor. E tu, senhorita? Morrerias por amor?
 Sacrificaria sua existência nesta vida por amor?
 Vejo, que pela lágrima que surge na tua face, como um diamante brilhante que surge no crepúsculo dos olhos de uma deusa, percebo que sim.
 Morrerias por amor senhorita.
 Quem não morreria? Quem não seria capaz de sacrificar-se pelo simples privilegio de amar? Este amor que vos falo, não é qualquer amor, senhorita.
É o amor verdadeiro.
O amor que enxerga além do desejo.
O amor destinado á duas almas gêmeas, predestinadas a se encontrarem, seja em qualquer lugar, vida ou tempo.
O amor que todos buscam incessante, que anseiam, que esperam, ás vezes uma vida inteira
 Pois eu lhe digo, senhorita: Quando o amor encontra essas duas almas, todo o sentido da existência se faz compreender
 Ã‰ este o amor que buscamos,  senhorita.
Por isso essa lágrima escorre em teu rosto, como uma estrela cadente que se joga ao infinito.
A lágrima que traduz os sentimentos mais profundos contidos nesse frágil e doce coração.
Eis o desejo que pulsa neste peito: O desejo de amar um amor verdadeiro.
O  amor que possa lhe proporcionar a mais mágica e única experiência.
O amor que possa libertá-la dessas tórridas correntes, que lhe prendem o espírito, impedido de voar. Talvez estejamos na mesma busca, senhorita.
A busca por este amor.....
Amor proibido, talvez pelos deuses que brincam conosco apenas para se divertirem, ou quem sabe, proibido pelos anjos que se escondem em suas nuvens, tentando nos atingir com suas flechas apaixonadas. Para então nos enganarmos com paixões passageiras, que deixam suas cicatrizes doloridas e abertas em nosso peito.
Ah! Senhorita, o amor é uma busca sem fim, ás vezes passa diante dos nossos olhos e nem percebemos.
As vezes esperamos um olhar, um único olhar, para que possamos ser notados pelo amor.
O verdadeiro amor é uma conquista.
Um amor verdadeiro é para a vida inteira
É eterno.
Está além das cortinas do tempo.
Se um dia encontrar seu amor verdadeiro, irá encontrá-lo em toda a eternidade.
Duas almas amantes que se completam, não podem se separar por muito tempo, pois ambas deram vida a este amor.
O amor que só pode existir na essência de dois espíritos.
O amor que pulsa no coração de dois corpos...
Eu sonho com este encontro, senhorita, e percebo mais uma vez, que seus olhos não mentem: Pois ao mirar os teus olhos, assim tão juntos aos meus, sinto, como jamais senti antes, a presença deste amor.
O vejo refletido nesses olhos brilhantes.
Na sutileza deste sorriso que agora brota em sua face, como um sol radiante que surge depois de uma tempestade.
 Eu percebo este amor gritando, clamando para ser encontrado, como um tesouro guardado, escondido, secreto.
Ao ver-te pela primeira vez, um arrepio tomou meu corpo, como se nele tivesse passado uma luz tão quente e iluminada, quanto um sol dourado.
Atingindo o espírito, mesmo longínquo no horizonte dos pensamentos.
Onde somente os seres dadivosos, capazes de perceber tal perfeição, são capazes de estar.
Pois é neste lugar que eu me encontro desde então.
Desde quando percebi sua existência, eu sou elevado a este lugar maravilhoso.
Um lugar onde todos os sentimentos pronunciam uma única palavra...
Amor!
Ah! O amor, o sentimento mais nobre dado pelo criador, como um presente precioso de inigualável valor, como um balsamo que abraça o intimo de todos os seres, mesmo aqueles que não acreditam em sua essência.
O amor que se firma além do firmamento, que eleva o espírito ao mais nobre sentimento.
O amor que dá vida a todas as vidas, e sentido a todos os sentidos.
 O amor que nos cega, que nos ensurdece, que nos cala, que nos envaidece, que nos alucina. Deixando-nos perdidamente perdidos em nossas fantasias.
O amor!
Sim, o amor, senhorita!
Que nos fulmina a alma, nos fascina.
Somos tão pequenos diante do amor
Talvez por isso ele não caiba em nosso peito quando nos atinge fulminantemente, quando nos dobra diante de seu altar.
Sou um escravo do amor, senhorita! E porque não ser? Se esta dádiva divina alimenta nosso espírito, assim como uma rosa vermelha recebe a luz solar para viver.
O amor me deixa vivo, percorre por todo meu corpo, e viaja pelo meu infinito.
O amor que me veio como uma flecha atravessando este pobre peito apaixonado.
O amor capaz que romper qualquer barreira, vencer qualquer obstáculo.
O amor dolorido, o amor encantado, que cega os amantes em seus devaneios alucinados.
O amor luminoso que desce pela coluna vertebral, transcendendo o espírito, elevando-o a mais incrível experiência. O amor, o fruto mais desejado pelos seres apaixonados.
O fogo que queima lentamente o espírito, transformando os seres mortais em semi-deuses.
O amor que dança na atmosfera entorpecendo os corações solitários.
O amor encarnado que nos faz perceber que a vida é algo maravilhoso.
Estar vivo para puder amar e ser amado, encontrar e ser encontrado.
É o amor,  senhorita.
É o amor que nos faz estar vivos para pudermos beber em sua fonte, este néctar precioso.
Para que possamos sentir em nosso âmago o mais profundo dos sentimentos.
O amor é imortal...
Está acima de qualquer sentimento.
Para o amor não existe o tempo, e mesmo que doa, nós insistimos em sentir esta dor
Esta é a dor mais desejada pelos amantes.
Corações encorajados e apaixonados que se entregam pelo simples privilegio de serem amados. Mesmo que seja por um breve momento.
Um sopro capaz de alimentar uma vida inteira.
Quantas lágrimas já foram derramadas pelo amor, senhorita?
Ah! Pois eu lhe digo: Não há como contá-las.
Nem se juntares todas as águas dos mares seria capaz de comparar o pranto de um amor não correspondido.
E o coração sentido, que sangra dolorosamente por um amor perdido, como comparar tal dor?
O amor é capaz de enlouquecer os sãos, cegar os olhos de qualquer dogma, despertar os menos curiosos, transformar o pecado em dádiva, transcender o mais obscuro espírito.
O amor é capaz de ensurdecer os surdos com seu grito.
O amor é capaz de tudo.
O único capaz de dar vida a nossa essência, dar sentido a nossa existência.
Por que estaríamos aqui se não fosse para amar?
Eis o sentido da vida, senhorita: Amar, e ser amado.
Qual sentido maior que este existe?
 Não há!!!
Estamos aqui para amar.
Quem seria tão incrédulo aponto de não acreditar no amor?
O amor é a magia que vagueia na imensidão do espaço.
O amor é a luz que liga todos os seres a um único espírito.
Talvez o sinônimo de amor seja Deus.
Pois qual palavra haveria de ter mais significado?
Qual nome haveria de ser mais pronunciado?
Qual sentimento mais desejado?
 O amor!!
O amor que sentimos mesmo ás vezes fingindo não sentir.
O amor está lá, pulsando, e irradiando sua luz.
Nos pega de surpresa, quando nem mais acreditamos nele.
O amor nos dá esperança, nos encoraja.
Por amor nó somos capazes de ir além.
O amor e sua magnitude.
Não há sentimento mais absurdo e mais magnífico.
O amor é o sentido que nos faz sentir vivos, como estrelas que lampejam infinitamente suas luzes, como pássaros que atravessam os céus no irradiar de um sol brilhante.
Amar é estar nas nuvens, sorrir um sorriso constante.
É chorar lágrimas emocionadas de emoção.
É ver refletido no bem amado, sua própria alma
É beijar um beijo interminável, transbordando o desejo nos lábios, e neles pronunciar o nome impronunciável.
É estremecer o próprio corpo no trepidar das sensações.
Amar é dar a resposta a dois corações, que se procuram e se encontram nesta mágica odisséia chamada amor.
O nome que todos os lábios sonham em pronunciar....
O sentimento que todos os corações sonham em sentir, no alvorecer das palavras, o amor está lá: Oculto, ansioso para abrigar uma alma desamparada, louca para amar, louca para arder no fogo de uma paixão, e assim ser completa, como a chama de um fogo que ilumina a imensidão, onde a única luz refletida é o amor.
Talvez tu já tenha sonhado com um amor verdadeiro, senhorita.
Um amor que iluminasse seu caminho no escurecer de seus passos.
Sim, o amor é luminoso, capaz de transformar o crepúsculo em um sol iluminado.
Talvez o sol seja o sorriso de Deus, que sorri radiante, levando o amor para todos os cantos deste mundo, para todos aqueles que acreditam no amor, e nele fazem renascer suas esperanças, pois a esperança é a única semente que faz florescer o amor em nossos corações.
Quem tem fé, quem tem esperança, é capaz de amar, por mais impossível que seja o amor, por mais árduo que seja o caminho para chegar até ele.
Quem tem esperança vence o impossível.
É essa luz que nos alimenta, que nos dá esperança.
O amor está em tudo que vive, pulsando, vibrando, transcendendo sua infinita luz no coração daqueles que desejam beber neste cálice esplendoroso, o mais preciso dos néctares, cuja a vinha vem de uma videira harmoniosa, colhida pelas mãos de Deus, preparada com a mais nobre das essências. Eis a luz que nos chega ao espírito: O amor é a luz que faz este mundo dançar em volta do sol. Que faz o mar abraçar a terra com seu manto azul. Que faz a eletricidade vibrar em todos os corpos. Se o amor é Deus, e o sol seu sorriso, eis a santa trindade, eis o grande mistério. Pois só o amor libertará os homens de suas misérias, de seus medos, de suas doenças.
O amor que recebemos do criador.
Se todos nós multiplicássemos o amor, não haveria mais sofrimento neste mundo.
Este amor que vos falo,  senhorita, está muito além do amor carnal.
Eis o amor divino, que muitos acreditam que não existe.
O amor que recebemos antes mesmo de estarmos dentro do ventre de nossa mãe.
O amor que purifica nossa alma e nos faz viver esta incrível experiência.
O amor é mais que uma palavra, mais que um sentimento.
Se plantares amor, colherá amor.
Se desejar o amor, ele virá até ti, acalentará seu coração e aliviará sua dor.
Amar não é sofrer, pois o amor liberta, não aprisiona.
As vezes acreditamos que devemos sofrer por amor, ou simplesmente sofremos por amar demais, mais qual cruz seria mais pesada? Só conheço um que se sacrificou por amor, não para amar, mas sim para semear o amor no coração dos homens, para fazê-los entender que o amor é a única ponte que leva á Deus. Para que todos compreendessem o sentido de existir.
Para nós, simples mortais, um amor não correspondido ou um amor dilacerado é como uma tempestade. Ela passa, deixa destroços, mas aí então, quando menos esperamos, o amor está lá, nos iluminado com sua luz, nos aquecendo com seu calor.
Há amores duradouros, há amores passageiros, há amores proibidos, há amores verdadeiros. Sempre haverá um novo amor para os corações solitários, até mesmo para aqueles que amam pela metade.
O amor continuará a pregar suas peças, a encorajar os tímidos, a alimentar os poetas. Continuará dançando no coração dos amantes, contagiando seus espíritos.
O amor estará a ressonar seu grito no âmago de todos aqueles que acreditam em sua luz.
O amor está em todo lugar, no ar que respiramos, na doçura de um olhar, na sutileza de um sorriso, no brilho das estrelas. Basta senti-lo para enxergá-lo.
O amor está em nossa volta.
Veja ao seu redor, senhorita, e perceba o amor em todos os cantos desta sala.
Em vossa direção miram-se dezenas de olhares de desejo.
Há um céu para cada beijo dado neste baile.
É o amor tocando sua mais bela sinfonia, encenando sua mais grandiosa peça, cujo texto é escrito pelas mãos de um criador generoso, que oferece aos seus personagens o mais nobre dos sentimentos. Aqui podemos presenciar as varias faces do amor: O amor fraterno de uma mãe, que ama incondicionalmente seus filhos, desejando-lhes sorte á cada passo da vida.
O amor orgulhoso do pai, que reflete no semblante tranquilo de sua face, por seus filhos terem trilhado o caminho da integridade.
O amor de um filho por seus pais, que lhes abraça como se estivesse abraçando o mais precioso dos alicerces. O amor dos irmãos, que se amam em sua cumplicidade. O amor de um artista por sua arte.  O amor transformado em fé.  O amor de um homem por uma mulher.
 Ah! As silhuetas do amor estão refletidas em todas as partes desta sala.
Eu posso sentir, posso ver, mas de todos os amores refletidos aqui, o que vejo refletido em vossos olhos, é o mais radiante.
 O único capaz de me fazer viajar aos lugares mais profundos deste sentimento.
Não quero lhe assustar, senhorita, mas percebo que estas tremendo.
Se fechares os olhos por um momento, poderás ouvir as batidas do meu coração, que galopa dentro deste peito como um cavalo desgovernado, tentando chegar a algum lugar.
Não tenha medo, me de sua mão, sinta meu coração
Está sentindo? Em cada pulsar ele pronuncia seu nome
Sinta como meu peito está quente.
É meu corpo transpirando de desejo ao sentir o toque macio de suas mãos.
O secar de minha boca e o lacrimejar de meus olhos misturados ás sensações que agora percorrem meu corpo, me dão certeza de uma coisa, senhorita: Fui flechado por este olhar. Estou entregue diante de vos como um sacerdote diante de sua Deusa.
Não diga nada agora.
Não quero que minhas palavras confundam-lhe a mente.
Deixe-me mais uma vez surpreende-la, desta vez com meus passos..
Vamos dançar esta valsa que agora começa.
Talvez no silêncio desta dança, eu possa ter o privilegio de merecer uma resposta.



Ato IV


Inocentes Comentários 🎭



- Quem é aquele que está dançando com senhorita Margod? Já o vi antes! Não consigo me lembrar de onde.
Sabes quem ele é, Eduard?

- Estas falando do bobo da corte?

-Sim! O bobo! Fantasia um tanto pouco original para um nobre.

- Acho que é da companhia de Sir William, pelo menos, o vi o abordando várias vezes, e pareciam íntimos.

- Seria ele um ator?

-Talvez, estamos num baile de máscaras, e os atores estão sempre com os rostos pintados quando encenam suas peças.
Acho que também já o vi, difícil dizer, estes atores são itinerantes, estão sempre em um lugar e outro, seja como for é um homem de sorte, a senhorita Margod é a mais bela deste baile. Nunca a vi dançar com mais ninguém que não fosse seu pai.
Seja como for, este cavalheiro deve ter feito alguma coisa para impressioná-la.
Da maneira como ambos se olham, não há quem não perceba que está acontecendo algo.

- Que decadência! Um ator dançar com uma nobreza.
Com tantos nobres como nós, escolheu dançar com um qualquer.
Veja como ela sorri.
Está radiante nos braços daquele insolente.
Isto é culpa de Shakespeare! Que traz estes infantes nos bailes para denegrir nossa imagem.
Além de dançarem com as damas mais belas, nos desafiam com sua arrogância.
Ves, parece um nobre de insuma importância do reino.
Garanto que nunca trocou nenhuma palavra sequer com o rei.
Não entendo como as donzelas se deixam enganar por estes farsantes.
Ves, o baile está cheio desses atores.
Há um em cada canto deste salão, me admira o rei simpatizar com esta corja.

- Pare de espraguejar Jhonatan, acho melhor moderar com o vinho.
Vos sabeis muito bem que o rei e a rainha apóiam isto que chamam de arte.
Não deviríamos reclamar, afinal de contas graças a estas peças esdrúxulas, temos sempre um novo baile para irmos.

- Deveriam proibir estas manifestações.
O que fazem no teatro não é arte, pelo menos não para mim.
Lembro-me quando era pequeno de uma viagem que fiz com meus pais para o oriente.
Ah! Sim! Aquilo era arte.
Lembro-me de uma peça que vi na China.
Os atores nem se quer diziam uma palavra.
Lembro-me que havia um engolidor de espadas e um malabarista que fazia malabares com bolas de fogo.
Diferente de hoje.
Lembra-te da peça passada?
Aquilo era uma manifestação contra o próprio rei, e ele ainda aplaudiu de pé.
Estamos nos desvirtuando dos bons costumes.
Estas peças falam de liberdade, de justiça, mas de uma maneira equivocada.
Deveriam ser censuradas, pois instigam a mente do povo, ou melhor, da ralé.
Não sei como o rei permite isto.
Estas peças antes eram encenadas apenas para os nobres.
Agora estes itinerantes chegam á qualquer vilarejo, e o pior, muitos destes artistas de rua, na maioria das vezes mendigos, se juntam ás companhias teatrais.
Lembra daquela peça que vimos em Paris?
Dizem que a atriz, a que fazia o papel da rainha, pois acredite, era uma prostituta, tirada de um prostíbulo qualquer.
Tentaram evitar o escândalo, mas foi em vão.
Ao saber do acontecido, a igreja se impôs.
Era o que deveria ser feito aqui.
É vergonhoso nosso reino estar á mercê destes autores e de suas peças infames.
Mas o que esta acontecendo agora?
Como pode isto ser permitido?
Ele está a agarrando próximo ao seu corpo.
Que insolente! Ves como a aperta á cintura, está cortejando-a descaradamente.
Nem o pai da donzela ele respeita.
Estao a dançar como se estivessem sozinhos no baile.
Se fosse minha irmã, ou até mesmo uma parenta próxima, eu o desafiaria para um duelo. Deveriam prender este fanfarrão e aprisioná-lo em uma masmorra.
Que indecente! O rei não deveria permitir a entrada destes fanfarrões nos bailes!
Veja que indecência.
Ele agora está sussurrando alguma coisa no ouvido dela.
O que está acontecendo?
Estão se despedindo.
Alguma coisa desrespeitosa ele deve der dito a ela para deixá-lo assim no meio da dança. Vou até lá mostrar para este infame como se corteja uma dama.

-Acho melhor não te precipitares, Jhonatan.

-Como? O que dizeis?

-Veja! Ela está indo para o jardim.
O que uma dama iria fazer num lugar tão incomum?
Ves, agora ele está indo ao seu encontro.
Eles marcaram um encontro secreto.

-Mas como pode?
Ele nos desafia com a sua impetulância.
Quem ele pensa que é?
Isto não está certo, Eduard!
Deveríamos falar com o pai dela.
Aquele malfeitor pode desonrar sua família.

-Vamos ver o que acontece!
Estou curioso para saber qual será o próximo passo.
Veja! Sentaram-se no banco, escolheram um lugar bem discreto.
Ele é astuto, conseguiu fisgá-la com sua lábia.
O que virá agora? Acredito que não vão se arriscar assim.
Não, ele deve ter alguma coisa em mente, é claro que deve ter, seja lá o que for, ele vai terminar o que começou.

- Como podes ter tanta certeza, Eduard?

-Estamos falando da senhorita Margod.
Desde que chegou de Paris ilumina os bailes do reino com sua beleza estonteante.
Nuca á vimos com ninguém que não fosse seu pai.
É a donzela mais desejada desde então.
Quantos nobres á cortejaram desde o primeiro baile?
Só vos tentastes em vão dançar com ela umas oito ou dez vezes, se não me falha a memória. E hoje o que acontece?
Um ator qualquer vem e á leva para o jardim.
Perdemos, Jhonatan!!!
Devemos admitir a derrota.

- Talvez já se conhecessem antes, talvez ele seja um amigo da família.

- Da maneira como se olham, não são amigos, disto eu tenho certeza, e mesmo que fosse, qual amigo resistiria tamanha beleza?

- Acho que só tem uma maneira de resolvermos esta questão!

-E qual é? O que vais fazer, Jhonatan?

- Vou falar com o pai dela.
É um homem educado, deve se lembrar de mim.
Fomos apresentados diante da presença do rei em sua recepção de boas vindas.
Se o tal sujeito for mesmo amigo da família, então saberei.
Caso não seja, abrir-lhe-ei os olhos.




Ato V


O Complô 🎭



- Senhor Dêpurre? Meus comprimentos senhor.
Já fomos apresentados neste mesmo salão em sua cerimônia de boas vindas.
Meu nome é Jhonatan Deacon, do condado de Desmond.

- Ah! Sim, claro que me lembro de vos, caro nobre, o jovem mais nobre de Desmond.
Admiro muito sua família.

- Muita gentileza de sua parte, meu senhor.

- Mas por que um jovem tão bem apessoado não está dançando neste baile?
Há tantas donzelas no salão.
O que faz um jovem de sua estirpe trocar a companhia de uma bela dama por um velho como eu?

- Na verdade é sobre isto que eu gostaria de lhe falar, para ser mais especifico, é sobre sua filha, senhor.

- Ah! Sim, agora entendo, vejo que Margod tem mais um pretendente.

- Peço desculpas se o ofendi.

- De maneira alguma meu jovem, Margod é mesmo uma jóia rara.
Qual pai não ficaria orgulhoso de tal formosura?
Além de bela é inteligente, recebeu uma educação exemplar, e a segue de maneira integra. Minha filha é meu maior orgulho, senhor Jhonatan.
Receber elogios de um jovem nobre como vos, enche-me de orgulho.

-De fato, meu senhor, tens motivo de se orgulhar de sua filha, e permita-me dizer, é a flor mais linda deste baile. E por ser uma flor assim tão delicada, não deveria ser cortejada por estes sujeitos, quero dizer, esses atores que ultimamente vem invadindo os bailes.
Por falar nisso, senhor Dêpurre, aquele cavalheiro que estava dançando com sua filha é  algum conhecido da família?

- Está falando do poeta?

- Poeta?

- Sim, o poeta que está vestido de bobo da corte!
Ele pertence á companhia de Shakespeare.
Parece que está o ajudando a escrever sua nova peça.

- Então o senhor o conhece?

- Casualmente o conheci ontem.
Me pareceu ser um bom cavalheiro, apesar da pouca idade, tem bastante vivencia.
Achei até que fosse parisiense, pois nunca vi ninguém descrever Paris com tamanha precisão. É um grande conhecedor das artes, isto eu percebi, além de bem educado e gentil.

- Então o senhor aprova que ele se encontre com sua filha no jardim?

- O que?

- Perdoe-me a indiscrição senhor, mas vim alertá-lo deste acontecido.
Vejo pela expressão de vossa face que também ficou perplexo.

- Perplexo? Não! Talvez surpreso.

- Surpreso?

- Estavam dançando agora mesmo, e já marcaram um encontro?
Vejo que o cavalheiro não impressionou somente a mim.

- Não entendi senhor, então o senhor aprova este encontro secreto?

- Ora meu caro Jhonatan, são apenas dois jovens trocando segredos no jardim, e pelo que meus olhos estão vendo não há nada de mal nisto.
Sinto que Margod já esteja na hora de firmar um casamento.
Sou um pai cuidadoso, senhor Jhonatan.
Sabes o que é criar uma filha sem a presença da mãe?
Talvez não saiba!
Margod tinha apenas três anos de idade quando minha esposa faleceu.
Dediquei cada flagelo de segundo de minha vida para lhe dar uma boa educação.
Tudo que um pai mais deseja para sua filha, é um bom casamento.

- De fato senhor! Concordo com o que dizes, mas pelo que vejo este cavalheiro não é um nobre. Se realmente é tão vivido quanto dizes, pode ser ele, um aventureiro.
Como poderia oferecer um bom casamento á sua filha?

- Não sei dizer se o poeta é um nobre.
Pelo que conversamos pude perceber que é um cavalheiro de boa índole.
Se fosse ele um aventureiro, cortejaria as outras damas que estão presentes neste baile. Este é o quinto baile desde que chegamos ao reino, e somente agora ele se apresenta á Margod. Devo confessar que o vi á admirando desde o primeiro dia em que ela entrou por aquela porta.
Como disse senhor Jhonatan, sou um pai zeloso, desejo o melhor para minha filha, se o cavalheiro não é um nobre, como tantos que há neste salão, não vou medi-lo por sua nobreza ou riqueza, mas sim pelo seu caráter.
Conheço minha filha, ela não se deixaria enganar.
Se a felicidade que ela deseja estiver nos braços daquele jovem, terá minha aprovação.

- Insisto em dizer, com todo respeito, que sua filha merece coisa melhor.
Veja, por exemplo, não quero vos contradizer, mas conheces minha família de longa data, não somente por nossa riqueza ou por nossa nobreza, mas também por nossa tradição.
Se é um bom marido que o senhor deseja á sua filha, peço permissão para ser seu pretendente, se for de vosso agrado, é claro.

- Ora, meu caro, também tens minha aprovação, mas não sou eu que deves conquistar. Percebi que vens tentando dançar com Margod desde o primeiro baile, bem, acho que muitos cavalheiros aqui tentaram, e somente hoje ela decidiu aceitar uma dança.
Acho que o poeta soube esperar o momento certo.
Margod é muito exigente.
Diferente de outros pais mais rigorosos, eu lhe dou a liberdade para fazer suas escolhas. Sou parisiense, talvez por isso seja mais liberal.
O fato é que Margod nunca pos á prova a confiança que sempre depositei nela, por tanto, senhor Jhonatan, o que posso lhe dizer, é que se ela fez sua escolha, escolheu de forma racional.
Veja como ela está feliz, realmente está encantada pelo jovem.
Ah! Que saudade dos meus velhos tempos.
O tempo em que as rugas não me cobriam o rosto, e meus joelhos eram mais flexíveis.
Era capaz de dançar uma noite inteira.
Agora veja, sou um velho cansado.
A única coisa que penso neste momento é deitar-me á minha cama.
Bem, senhor Jhonatan, acho que perdeu sua chance.
Talvez no próximo baile consigas chamar a atenção de Margod, e quem sabe terá sua dança. Não desista meu jovem, ainda haverá muitos bailes.
Bem, acho que já está na hora de ir embora.
Margod fez a gentileza de chamar a carruagem.
Viste que filha prestativa eu tenho, senhor Jhonatan.
É mesmo uma preciosidade.
Boa noite meu jovem, e de lembranças a seu pai.

- Boa noite, senhor Dêpurre, e muito obrigado pelo privilégio desta conversa.
É de muito grado que o senhor aprove minhas intenções para com sua filha.
Até o próximo encontro, meu nobre senhor.



- Velho imbecil!!!! Espraguejou Jhonatan, ao se aproximar de Eduard, que agora estava reunido com outros nobres no salão.

-Ves se isto é possível, vejam esta cena senhores.
Um velho entregando sua filha ao lobo disfarçado de cordeiro.
Sim, o “bobo” ganhou como prêmio a donzela mais bela da corte.

- Todos nós concordamos, caro Jhonatan, isto é ultrajante.
Estamos tentando dançar com a senhorita Margod desde que chegou ao reino, e agora escolhe um reles ator para ser seu par.

- Ora, mas veja que surpresa, caro Joseph, ele não é um ator, é um poeta!

- Poeta? Mas que folhetins ele escreve?

- Talvez devêssemos indagar ao rei para sabermos mais sobre este sujeito.
Diz Eduard, depois de beber mais uma taça de vinho.

- Vejam aquilo senhores! Estão se despedindo, ele está entregando alguma coisa á ela.

- Tu estas vendo demais Jhonatan, acho melhor admitires que perdeste esta batalha.

- Cale a boca Eduard, tu estas bêbado, sei muito bem o que meus olhos veem.
Ele entregou uma nota á ela, é um bilhete!!!
Só pode ser um bilhete, um bilhete marcando um encontro secreto.
Vejam como ela guarda com cuidado.
Está escondendo o bilhete.
Em qual ruela este infame marcou para se encontrar com a bela donzela?

- Deveríamos avisar seu pai!

- Já tentei isto Joseph, mas o velho não deu a mínima importância, preferiu que sua filha fosse cortejada por este fanfarrão.

- Mas vamos ficar de braços cruzados, e deixar que ele desonre a donzela?

- Vejam senhores, ele se aproxima, é chegada a hora da verdade.
Vamos ver quem é este sujeito, e saber qual suas intenções para com a moça.

- Por gentileza, senhor, poderia nos dar um minuto de vossa atenção?

-Sim claro, em que posso ajudá-los cavalheiros? Pergunta Victorettto

- Meu nome é Jhonatan Deacon, do condado de Demond.
Estes são meus amigos, Eduard Timolt, Joseph Fines, Jhon Sanders, e Philiphi Carrer.

- Muito prazer em conhecê-los senhores. Meu nome é Leonard Victoretto.
Faço parte da companhia teatral do senhor William Shakespeare.

-Ah! Sim, disso sabemos senhor Leonard. Diz Jhonatan com certo ar de desconfiança.
- Também sabemos que vos sois um poeta! Estranho, não lembro de ter lido nenhum folhetim com seu nome.
E vos, senhores? Já leram algum texto do senhor Leonard?
Todos discordam com a cabeça.

- Bem, senhores! Não sei se sabem, mas a maioria dos poetas usam pseudônimos.
Diz Leonard calmamente.
-Com certeza já leram alguma coisa minha.
Meus folhetins circulam duas vezes na semana, e meus textos também são publicados em outras províncias.

- E porque tanto mistério senhor Leonard?
Porque não usar seu próprio nome em suas notas?
O que suas palavras escondem?

- Talvez não compreenda senhor Jhonatan, esta é uma questão de tradição.

- Tradição?

- Sim, uma antiga tradição, que vem desde muito tempo, desde os filósofos gregos, para ser exato. Todo artista quer ser conhecido por sua arte, e nem sempre todos os nomes são harmônicos, neste caso, criamos um nome mais imponente, fácil de ser lembrado.
De preferência um que combine com nosso oficio.
É algo para se revelar, e não para se esconder, pois o artista revela sua arte através de sua alma.

- Bem, e qual seria este nome tão imponente?

- Deixarei minha arte falar por mim, descubram por si mesmos.
Quando lerem o próximo folhetim que será publicado semana que vem, assim poderão tirar suas próprias conclusões.

- Vos estas envolto de tanto mistério, senhor Leonard, que nos faz duvidar de suas palavras. Pelo menos é o que me parece á primeira vista.
Todos aqui nos conhecemos, e o mesmo posso dizer de nossas famílias.
Já o senhor, temos apenas algumas informações vagas.
O que parece ser meio estranho, tendo em vista que todos aqui no reino se conhecem. Posso garantir que já o vi antes, só não lembro em que ocasião, falando nisso senhor Leonard, sua fantasia é um tanto incomum para um nobre.

- Vejo que os senhores desconfiam de minhas palavras com desconfiança.
Pois vos digo, não há motivo algum para desconfiarem de mim.
Se não sabem, sou amigo do rei, assim com de muitos nobres influentes desta corte, e com certeza já nos vimos inúmeras vezes, aqui mesmo neste salão.
Talvez se puxarem de suas memórias, se lembrarão de mim.
Não entendo porque ficaram espantados com a minha fantasia.
Há tantos reis e tantos príncipes aqui.
Só quis homenagear o bobo da corte, aliás, foi ele que me emprestou esta roupa.
Todos aqui acham graça de suas brincadeiras.
Eu mesmo já os vi se retorcerem de tanto rir de suas peripécias.
Porque não ser um bobo por um dia?

- A questão não seria bem esta, senhor Leonard!

- Ora, e qual seria então?

- Para ser exato, estou falando da senhorita Margod, ou melhor, de seu comportamento para com ela. Não achamos correto o que o senhor acabou de fazer.

- Bem, então me diga? O que eu fiz?

- Estavas a cortejar a moça, não respeitando nem se quer o seu pai.
Levá-la para o jardim não foi um ato de boa conduta de vossa parte.
Vos não nos enganais, senhor Leonard.
Todos aqui perceberam suas intenções.

- Desculpe a franqueza, senhores, mas não vos entendo, o que fiz demais?
Só á levei para o jardim para tomar um pouco de ar.
De maneira alguma á desrespeitei.
Não tenho culpa se ela se agradou da minha pessoa.
Pelo que sei, ela não é compromissada.
Não entendo porque os senhores estão a fazer causo.
Pelo que vi lá fora a poucos instantes, tive a aprovação do senhor Dêpurre, pelo qual me tratou muitíssimo bem, por tanto, não há necessidade de vos preocupares.

- Há um detalhe que talvez tenha passado despercebido, senhor Leonard, mas não para nós.

- Ora, vejo que estão á me observar praticamente á noite toda.
Com tantas damas neste baile, fico surpreso com tanto prestigio, mas então me diga senhor Jhonatan, qual detalhe este que tanto lhe aflige?

- Entregastes uma nota á ela, um pequeno bilhete para ser exato.
Isto o cavalheiro não pode negar, todos aqui testemunharam este fato.

-Ah! Sim, o bilhete! Descuido o meu, mas no fervor do sangue é impossível não ficarmos cegos. Sim, de fato lhe entreguei uma nota, não há como negar este fato.
Assim como também não vou negar que meu interesse pela senhorita Margod vai além de uma terna amizade. Não sei se perceberam, mas tal admiração foi recíproco de ambas as partes.

- Nos desafia com sua impetulância senhor Leonard.

- Só consigo enxergar um fato em questão nesta conversa.

- Ora! Então nos diga.

- O fato de não aceitarem, que depois de inúmeras tentativas de todos os cavalheiros aqui presentes, a senhorita Margod tenha escolhido a mim para ser seu par neste baile.
Estão se perguntado á todo momento, porque ela escolheu este sujeito vestido de bobo da corte? Talvez se enxergassem a verdadeira beleza da senhorita Margod, a beleza que está além da perfeição de seu formoso corpo, entenderiam sobre o que estou falando.

- Muito bem, senhor Leonard, porque não nos fala sobre esta beleza, vamos ver o que o poeta tem a dizer.
Já ganhastes a noite, nos faça entender o porque de seu merecimento.




Ato VI



A Beleza 🎭



Quem haverá de enxergar a beleza que se esconde por traz daqueles olhos?
Cujo o olhar é capaz de iluminar mais que um sol iluminado em seu amanhecer.
Quem haverá de segurar suas mãos macias e suaves no tremor da mais furiosa tempestade? Quem haverá de sentir o toque macio daqueles lábios e morrer no ardor do prazer?
A beleza!!! A beleza que somente as mulheres, entre todos os seres é capaz de ter.
A beleza que nos hipnotiza, que nos fisga como um peixe, que nos mata lentamente em nossas frustradas expectativas, pois a beleza também pode ser cruel quando muito desejada, nos castigando perpetuamente em sua fascinação.
 Sim!!! A beleza é fascinante, como uma estrela brilhante que ilumina o céu escuro numa noite mágica.
Como uma rosa vermelha que desabrocha com os primeiros raios de sol na primavera.
E o que sentimos quando estamos diante dela?
Além do tremor de nossas pernas.
Além do pulsar do coração dentro do peito, que como um pássaro, bate suas asas para se libertar, para assim ter o privilégio de tocar a linda rosa com seu beijo.
Diante da beleza de uma mulher, somos tolos, apenas tolos, fascinados por tal perfeição.
Pergunto - lhes então, cavalheiros: Existe maior fascinação?
Pois lhes digo que não há.
Quando o fascínio se transforma em paixão, a beleza nos sucumbi.
A beleza que só nós enxergamos quando amamos, pois a beleza não tem cor, gosto, ou aroma. Simplesmente desejamos quando a vemos, quando sentimos em nossa alma sua luz radiosa. Lhes digo, senhores, ás vezes é melhor enxergar uma beleza que somente nos fascine, do que uma beleza a ser disputada.
Vejam o que uma beleza hipnotizante é capaz de fazer com nós mortais
Não quero dizer que esta disputa está vencida, apesar de estar em vantagem, a disputa está aberta, e porque á disputamos? Vós sabeis? Não cavalheiros!! Ninguém sabe.
Há tantas flores lindas neste salão, entretanto estamos á disputar a mesma rosa.
Seríamos capazes de duelar por ela, mesmo sabendo que poderíamos morrer.
Morrer sem mesmo tocar seus lábios molhados de vida
Que sentimento é este que nos consome? Que beleza é esta senhores?
A beleza que nos domina como marionetes desorientadas, mas que ao mesmo tempo nos eleva ao mais elevado altar dos sentidos.
A rosa mais desejada tem o perfume mais doce, e por ser a mais bela, é a mais iluminada pelo sol.  Ah! A beleza!!!
A beleza capaz de refletir a luz dos olhos de uma Deusa
Acima de nossos olhos há um manto coberto de estrelas, e entre tantas estrelas, estamos á disputar a mais brilhante, a mais radiosa. Cuja a luz nos atrai como mariposas.
É o que somos senhores.  Apenas mariposas encantadas por esta luz brilhante.
Qual beleza se compara a beleza de uma mulher? Qual encanto seria maior?
Não há! Não existe maior beleza do que a beleza de uma mulher
Nem perfume mais doce, nem rosa mais radiante
Ah! Se pudesse, seria de todas as mulheres seu único amante.
E qual cavalheiro aqui presente não desejaria tal recompensa?
Somente Deus com sua grandeza poderia dar vida a um ser tão perfeito.
De todas as belezas, a beleza das mulheres, é a mais bela.
Talvez Deus seja um artista
Quem sabe ele seja um poeta? E no momento mais luminoso de sua inspiração, criou o ser mais belo do universo.
O único ser capaz de multiplicar o amor no íntimo de seu verso.
O ventre com suas vertentes e seus laços.
O único ser capaz de dar luz a magia da vida.
As mulheres são a forma mais pura e mais bela da criação
Acredite senhores. Não há beleza maior que esta. Não há dom mais divino.
Como podemos, nós, meros mortais, comparar-nos com esta beleza preciosa?
É esta beleza, cavalheiros
É sobre esta beleza que vos falo.
A beleza que se esconde por traz dos olhos de toda mulher, pois somente elas tem o dom de gerar o amor, multiplicando-o por todo este mundo.
Não estamos disputando uma fruta vistosa, pois a beleza que nos hipnotiza nem se compara com a grandeza de seu espírito iluminado.
Acreditem, dançar com ela foi como dançar com os anjos.
Se pudesse voltar no tempo, dançaria com ela novamente, e nunca mais pararia de dançar. Seria eu, como um astro dançando em volta do sol.
Tocar suas mãos, mesmo revestidas pelas luvas, foi como tocar a face de uma  Deusa.
Admito senhores, que estou entregue a esta beleza.
Se algum dos cavalheiros se achar tão merecedor quanto eu, estou aberto ao duelo.
Duelar por esta donzela, seria o ato mais nobre que faria.
Contudo, devo alertá-los, que como já perceberam, os sentimentos foram recíprocos.
Se eu vir á morrer em um duelo, não importa quem vencerá, mesmo morto, serei o vencedor desta disputa.



Ato VII


O Discurso 🎭



- Muito bem senhor Leonard, fico tocado com seu depoimento, mas talvez não tenha sido convincente, pelo menos não para mim.

- Não entendo onde queres chegar senhor Jhonatan, mal me conheces, e já me julgas equivocadamente, o que mais há para ser esclarecido?

- Não sei se percebestes, mas todos aqui presentes testemunharam o acontecido.
Todos os cavalheiros deste salão estão a se perguntar como conseguistes fisgar a senhorita Margod? Não sabemos ao certo quem o senhor é, e de onde veio, o que faz, de onde vem seu titulo de nobreza. Não sabemos nem ao certo se és um nobre.
É o que todos aqui queremos saber senhor Leonard.
Entregastes um bilhete á senhorita Margod, é evidente que marcaram um encontro, porque entre tantos nobres, a francesa escolheu-te? Eis a questão senhor Leonard.
É isto que queremos saber, é esta a dúvida que nos assombra.
Todos aqui sabemos da “beleza”da senhorita Margod.
Nos poupe de sua poesia, queremos apenas a verdade.

- Acredito que não mudaria nada se dissesse quem eu sou, ou o que faço, pelo menos não para senhorita Margod.
Como disse: Esta disputa já está ganha.
Nada pode mudar este fato, mas se querem uma explicação plausível, então os darei.

- Ora, vejo que agora teremos algo, mas vamos fazer diferente, senhor Leonard.
Vamos expandir mais esta questão.
Acho que todos os cavalheiros aqui presentes queiram ouvir com muita atenção seu discurso. Permita-me chamá-los para que possam testemunhar este momento.

- Como quiser senhor Jhonatan, eu estou pronto.

-Cavalheiros!! Por favor cavalheiros! Um momento de vossa atenção, por favor!
Teremos um discurso!
O cavalheiro aqui presente, este vestido de bobo da corte, vai nos dizer como se conquista uma dama. Peço a atenção de todos vocês.
Venham compartilhar conosco este momento.
Venham ! Se acomodem.
Venham todos! Venham!
Pronto senhor Leonard, acho que assim será mais interessante.
Agora tem sua platéia.
Faça seu espetáculo, mas por favor, desta vez seja convincente.

Leonard dirigiu-se ao centro do salão, e harmoniosamente começou seu discurso aos cavalheiros ali presentes.


- Sinto muito cavalheiros, mas não poderei ajudá-los, pois minha espada é feita de um aço muito nobre.
 Jamais usei minha espada em um confronto com outra, e sinceramente, não pretendo usá-la. Para mim, não existe melhor lugar para se guardar uma espada do que dentro uma bainha bem quente e umedecida, e disto eu entendo muitíssimo bem, por tanto cavalheiros, tirem suas máscaras, sinto muito em decepcioná-los, mas eu não exerço este oficio.
Sei que muitos dos cavalheiros aqui presente, sem contar estes, que já estão de saída, sentirão inveja ao me verem em ação, pois sintam, a inveja nada mais é do que o reflexo de suas incapacidades, por não conseguirem extrair o verdadeiro néctar de uma mulher.
 Sinto muito cavalheiros, mas para tal destreza é preciso muito domínio, algo que jamais terão. Pois são tão esdrúxulos quanto seus membros, que após um extasie instantâneo, adormecem, deixando suas damas desoladas, encharcando os lençóis de seda na cama.
 Portanto posso afirmar, jamais conseguirão fazer uma dama chorar de prazer, pois farão apenas sexo, um sexo vazio e mundano.
Jamais conseguirão extrair este néctar precioso.
 Sinto muito cavalheiros, mas de nada posso fazer, pois para tal magia não existe ensinamento, e mesmo se existisse, jamais aprenderiam, pois são tão limitados quanto suas acrobacias grotescas.  Mesmo se usassem os mais fortes alucinógenos, a única coisa que conseguiriam, além de anestesiados, tornarem-se super- macacos.
Pois são exatamente o que são, primatas vestidos.
Não cavalheiros, não se ofendam.
Até que não estou sendo veemente, pois se fosse, duvido que chegariam até o final desta nota. Estou sendo o mais ameno possível.
Eu estou usando palavras simples para que entendam.
Sei que é difícil acompanhar tal raciocínio, mas que culpa tem este humilde poeta?
Se além de toscos, seus cérebros são atrofiados e inerentes aos seus testículos.
Vai ver que é por isso que ejaculam precocemente, por terem em suas mentes, pensamentos tão vagos e tão pequenos, capazes de caberem em uma ervilha.
Desculpem minha franqueza, mas minha superioridade em relação a este assunto, comparada com tal ignorância, os deixam em desvantagem.
Sei que muitos sentirão raiva, pois sintam, a raiva nada mais é do que esta ignorância latejando em suas mentes, mas não se preocupem, a raiva é compreensiva, pois até os cães a tem. Já o ódio, este é um sentimento medíocre, então se sentirem ódio, é porque estão em uma escala muito mais baixa do eu que imaginava.
Se vão gostar ou não de mim, não importa, mas sei que irão lembrar destas palavras.
Principalmente na hora em que estiverem esbaforidos em cima de uma dama, tentando faze-la chegar ao orgasmo.
Até mesmo os ilusionistas se lembrarão de mim, e também os ditos super-homens, quando acreditarem terem extraído o verdadeiro néctar de uma mulher.
Sinto muito cavalheiros, mas jamais conseguirão fazer o sorriso de uma mulher se abrir como uma borboleta, e falando nisso senhores, preciso ir agora.
Tem uma linda dama esperando ansiosamente por mim, louca para sentir o toque do desejo e mergulhar numa fantasia interessante, onde as rosas estremecem com um simples sopro. Onde o céu ao invés de cinza, tornasse azul, impregnado de paixão e volúpia. E o silêncio produz um único som, o som das lágrimas que choram de prazer...


Leonard seguiu com seus passos firmes até a saída do saguão.
Antes de fechar a porta, olhou através de sua máscara os rostos perplexos que ali havia deixado. Ao bater a porta, rompeu-se o silêncio.
Jhonatan ainda embasbacado, sorria um sorriso sem graça, nada harmônico, enquanto via todos saindo com as cabeças abaixadas.
Eis que um toque sutil em seu ombro revelou um notável espectador.
Sir William Shakespeare havia presenciado toda a cena.
Jhonatan não se conteve em sua ira....

- Ves, como pode ele sair vitorioso? Quem é ele? Por Deus, me diga senhor?

- Ora, meu caro! Disse Shakespeare, com uma das sobrancelhas erguidas.
Ele é o que sempre foi!
O Bufão !!!!!

Jhonatan caiu de joelhos,  enquanto todos saiam, e se pos a chorar como uma criança.
Eis sua ironia.
Perder a donzela mais bela do reino para o bobo da corte.


O Bufão 🎭


Alexsandro Ribeiro



💙








Nenhum comentário:

Postar um comentário