quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Sonetos Expurgos ✒📃 🇧🇷

 



O Colibri e a Rosa ✒📃


Debruçou-se á cama, a linda rosa desnuda

Um imensurável nome em sua língua se pronunciava

Enrolada na seda vermelha impregnada de luxúria

Encontrava-se ela, extasiada, plena, e nua


Vertiginei á paixão ali arrebatada

Descontrolando-me numa fúria furiosa

Lentamente perdia os sentidos, aos poucos morria

Como um pássaro minhas asas abria


Beijando seus lábios de rosa

Delicie-me naquele jardim de delicias

Cultivando nela os espinhos das flores


Seus lábios me beijavam cobertos de malícias

Em seu corpo formoso, suspiros e ardores

Entregava-se plenamente, naquele leito de amores



Vampira ✒📃


Torpe como um veneno dado de tua boca

Envenenando meu coração dilacerado

Há dentro deste peito uma vontade louca

De sangrar nesses lábios envenenados


Numa mordida dilacerante tão profunda

No qual dolorosamente o sangue inunda

O chão exuberante do teu quarto

Se derramo meu sangue docemente como falo


Não será só minha esta fuga

Pois o amor em mim não é tortura

E sim de fato uma aventura


Ah! Como seria? Ah! Meu Deus, como seria?

Morrer em tuas presas de vampira

Entorpecido de amor em tua cintura



Almas Gêmeas ✒📃


Amo-te tanto, que para descrever tal sentimento

Sou capaz de traduzir a palavra mais bela que existe

Só para ficar gravado por um único momento

Dentro do teu coração, como um pavão que se exibe


E qual palavra seria mais bonita que a palavra dos anjos?

Pois lhe digo, amada minha, não há palavra mais bonita

Veja aqui tudo que restou ao longo desses anos

Quando traçamos nossos destinos em um único encontro


Somos um do outro, isto é um fato consumado

E mesmo se não tivéssemos nos encontrado neste tempo

Em um outro mundo, em outra vida, teríamos nosso momento


Somos duas almas que se encontram casualmente, eternamente

Somos duas estrelas que dançam em volta do sol, infinitamente

Difícil é quando não te encontro, e se encontro, não te vejo



Linhas da Criação ✒📃


Olhos de Tesla veem a eletricidade

Nos pilares da criação

Nebulosas que se expandem com facilidade

Nos confins da escuridão


Onde uma pequena anã brilha luminosa

Dançando com os cometas e as super-novas

Que surgem como diamantes na expansão

E os Galileus Galileis á sorrirem com seus telescópios


Enquanto as mãos do criador se abrem

Deixando mais espaços na imensidão

Os Newtons formulam, enquanto os Einsteins calculam


A misteriosa fórmula da criação

Que fórmula é esta que tanto procuram?E porque procuram?

Se já está gravada nas linhas da nossa mão



A Nova Sentença ✒📃


Ela chega sorrateiramente com seu véu da morte

Sentenciando cruelmente com sua ímpia armadura

Condenando os novos doentes de sul a norte

A nova peste negra embala seus mortos em sua tortura


Seria esta a nova gripe espanhola?

Não há vacina, não há cura, talvez não haja sorte

Estaríamos todos condenados á morte?

Pelas próprias mãos do homem que se julga tão forte


É esperar para ver, e talvez assim crer

Que a cura possa vir nas asas de um anjo

Ou quem sabe nas mãos de algum otimista


Que consiga vencer a força furiosa da natureza

E saber que foi das nossas próprias mãos

Que fomos condenados á esta sentença



Temperanças ✒📃


Mulheres com suas temperanças

Me tiraram o absinto da garganta

Quando me acalentava nas horas amargas

Tentando remeter-me á esperança


Pequenos castelos desmoronados na areia

Levados pelas ondas de um mar traiçoeiro

Ainda havia sonhos á serem sonhados

E momentos passageiros


Que talvez tivesse ao longo de uma vida

Mesmo com destroços e feridas

Viveria cada momento


Como um pássaro que se remete ao horizonte

Chegaria ao firmamento

Mesmo sabendo que o horizonte não tem fim




Epicentro ✒📃


Duas montanhas se colocam á minha frente

E com minhas mãos acaricio seus cumes

Lentamente o vulcão se torna mais quente

Acariciando-me com suas lavas escumes


Tirando de seu epicentro o magma incandescido

Provocando terremotos e tremores

Sentindo sentidos que ainda não foram sentidos

Sentimentos de desejos e de amores


É no fremir das mãos que os corpos dançam

Como se estivessem num jardim coberto de magmas

Onde a lava mistura-se ao perfume e aos ardores


De dois corpos que se amam

E o amor ali declamam

De um livro sem palavras



Amor Navegador ✒📃


Esse amor no meu peito se vai

Como uma lágrima que se lança ao abismo

Um velho barco lançado no mar

Perdido e sem abrigo


Que navega em ondas solitárias

Em volto á tempestades e tufões

Carregando sua carcaça esmigalhada

Destruída por ferozes corações


Corações que machucam sem querer

Ou querer talvez para não sofrer

Apenas frágeis corações á se defender


Do meu amor navegador, sem direção, sem pouso

Que está sempre á deriva, nas ondas da vida

Em busca de algum porto



Pior que Amar é Sofrer ✒📃


É claro que amar é sofrer

Pois o amor fantasia os sonhos

De todo o bem querer

Perturbando com seus assombros


A doce tortura de viver

Amando ou sendo amado

Encontrando ou sendo encontrado

O amor é o alicerce que sustenta o ser


Perfeito ou imperfeito

Inocente ou culpado

É o amor que faz a vida valer


Para amar, acima de tudo

É preciso saber

Que pior que amar, é sofrer




Um novo Amanhecer  ✒📃


E mais uma primavera chega ao nascer de um novo dia

Como uma nova promessa que se renova no horizonte

Uma promessa revestida de alegria

Espalhando seus perfumes e suas flores


Que no coração de cada um também possa nascer

Um sol iluminado, quente e brilhante

Que nele o amor possa trazer

Fazendo a esperança ser constante


Renovando a semente de todo ser

Que espera um novo amanhecer

Nas manhãs frias e cortantes


É chegada á hora de renascer

E assim como as flores, florir

E assim como a vida, viver



Soneto do Tempo ✒📃


Penso no tempo que não volta mais

O tempo que voa com a eletricidade

Que castiga com seus temporais

Destruindo templos e cidades


O tempo que passa sem ser percebido

Pelos meros e pobres mortais

Que jaziam no limbo esquecido

E se vão como folhas nos vendavais


Ah! Tempo! Inimigo perpétuo

O que fazes tu no meu caminho?

Se pudesse andava sozinho


Sem pisar nas tuas armadilhas

Sem prender-me em tua prisão

Tempo, o que fazes tu na exatidão?



Nostrum Putas ✒📃


Oh! Imaculadas senhoras desvirginadas

Rogai por mim, pecador insano

Vós que foram pela vida estupradas

Vagando pelas ruas do abandono


Vendendo o corpo em troca de moedas

Saciando a sede dos impuros

Alimentando a mente dos poetas

Que consomem vossas carnes no absurdo


Aprisionadas entre paredes e cubículos

Rechaçadas, esmigalhadas, humilhadas

Envenenadas pela ilusão do vício


Santas putas, prostitutas milagrosas

Que fazem os hereges rezar em vossas coxas gostosas

Abençoai com vossas bucetas a minha tristeza



Palavras Dissolvidas ✒📃


O poeta sangra quando escreve

Uma vertente de verdade

Mesmo quando escurece

Ofuscando a claridade


Palavras de amor

De dor e de saudade

São apenas palavras

Sobrepostas uma á outra


Que sangram sozinhas

No silêncio de suas sílabas

Palavras dissolvidas


No fervor da língua

Que afiada, fere e xinga

E eloquentemente grita


Sonetos Expurgos - Alexsandro Ribeiro 🔮



Villa-Lobos Channel  🎶🇧🇷





Por um Brasil melhor e mais justo!  🇧🇷






Blue Fantasma  💙🔮

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