quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Correndo contra o tempo ⏳





Correndo contra o tempo ⏳


A lamparina de Shamballa ilumina a saída do túnel com a chama de Orion.
Que parece um sol azul, iluminando o breu escuro.
A gôndola se aproxima da saída.
Derrepente, o barco para.
Baltar estranha o rio, que começa correr na direção oposta.
Ele então pega o remo.
Parece não acreditar no que está acontecendo.
A água se torna mais densa.
Ele se esforça para conseguir deixar a gôndola no mesmo lugar, impedindo que ela recue. 
O príncipe então ouve um barulho.
E ao olhar para cima, é surpreendido por uma estalactite que está prestes a cair.
Sem pensar muito, Baltar pega a lamparina e salta da gôndola.
Ao saltar, a gôndola é completamente destruída pela estalactite.
Que por pouco não o atinge.
A correnteza é muito forte.
Baltar se esforça para não se deixar levar.
E ergue seu braço, impedindo que a água molhe a lamparina.
Um pensamento lhe vem.

-Eu não vou me entregar
Não vou desistir!!!!
Eu vou conseguir!!!!

Neste momento, as iniciais gravadas na lamparina se projetam no túnel.
Baltar senti uma misteriosa força puxando a lamparina.
Ele então a segura bem forte, e é levado para fora da água.
Ele tem a sensação como se alguém, ou alguma coisa o carregasse.
Um brilho lhe vem aos olhos, enquanto flutua sobre o ar.
A certeza de que não está sozinho.
A certeza que esta força invisível o ajuda.
Ao descer em segurança, ele fecha os olhos e agradece.
Ele olha para a escada, e parece não acreditar que está prestes a subir na torre.
A euforia é tomada por um sentimento, no qual ele não consegue distinguir.
Baltar senti seu corpo formigar.
Seu coração acelera.
Parece que lhe vai sair pela boca.
Ele então olha para o lado, e vê uma luz luminosa, que começa a surgir.
Seus olhos lacrimejam ao ver a imagem surgindo.
Uma suave voz então lhe diz.

-Tu és o escolhido.
Somente tu poderias fazer renascer a chama de Orion.

Baltar esfrega os olhos, sem acreditar no que vê.
A emoção toma conta de seus sentidos.
Ele então diz.

-Mãe?
És tu?

-Também sinto tua falta, meu amado.
Meu doce príncipe.
Meu querido filho.

-Por Astartéia.
Mãe, que saudade.
O pai ficaria tão feliz em ver-te.
Continuas tão bela,.
Estamos indo até a ilha, mãe.
Até a ilha sagrada, como pediste.
Que saudade.
Como me achaste aqui?

-Estou sempre contigo, filho.
Sempre acompanhando os teus passos.
Esta é a chama?
A chama de Orion?

-A torre!!!
Tenho que acender a torre.
Preciso ir!!!

-Não tenhas pressa, filho.
Estou aqui agora, para te proteger.
Deixe-me ver a lamparina
Traga-a até aqui.
Deixe-me ver a chama da vida.
Traga-a até mim, filho.

Os sentimentos de Baltar confundem-se diante da imagem de sua mãe.
Seu coração fica angustiado.
Neste momento, a lamparina ilumina-se.
E a chama de Orion forma uma linha luminosa na frente de Baltar.
Ao ver a luz azul, uma certeza lhe vem.
Ele então pergunta ao espírito de sua mãe.

-Para que tu queres a chama de Orion, mãe?
Se teu espírito já é iluminado.

-Só quero vê-la diante dos meus olhos, filho.
Traga-a até mim.
Deixe-me vê-la.
Não negarias este pedido a tua mãe.

Baltar dá um passo para traz, e responde.

-Vem tu até mim.
Se queres vê-la.
Venha até aqui, e eu te mostrarei.

-Como podes negar um pedido de tua mãe.
Depois de tudo que fiz por ti.
Traga a lamparina até aqui, Baltar.
Traga-a agora!!!!

-Se quiseres, terás que vir busca – lá.
Atravesse a linha azul, e eu deixarei vê-la.

-Está bem, filho querido.
Dei-me tua mão e eu irei até ti.

O espírito de Jezebel estende sua mão para Baltar.
Que ao olhar nos olhos da imagem da mãe, é tomado pela sinceridade, que emerge daquele olhar maternal.
Hipnotizado, ele aproxima-se estendendo sua mão, e comete um grande erro.
O ser espectral agarra-se no braço de Baltar, tentando puxa-lo para o outro lado da linha. O príncipe se desespera ao ver o demônio se revelando.
Uma alma escura e sombria.
Que sussurra, enquanto seu espectro fantasmagórico se revela.

-Dei-me a luz.....
Dei-me a luz.......

Desesperado, Baltar grita.

-Tu não és minha mãe!!!!!
Afasta-te de mim, demônio.

Baltar se esforça tenazmente, mas a criatura consegue puxa-lo.
Ao atravessar a linha azul, mais espíritos malignos aparecem.
Eles emergem do chão, se grudando nas pernas do príncipe, o puxando para baixo. No outro extremo da ilha, Anut delira, ao ver o pêndulo do tempo formar-se no céu. 
Jabnit segura firmemente as mão de Hamilcar.
Que olha desesperadamente para a torre.
Mais adiante, na trirreme, os homens estranham Milesiano.
Que começa a respirar profundamente.
Enquanto Zelgor produz mais escudos de proteção.
Impedindo as milhares de almas escuras de entrarem.
Na floresta retorcida, as bestas errantes começam a bradar.
Enquanto o sino toca seu primeiro aviso.
Baltar se desespera ao ouvir o sino soar.
Eis que então, surgi uma luz ao lado do príncipe.
E uma fenda se abre.
Os demônios se afastam ao verem a intensidade da luz.
Um ser alto vestindo uma túnica dourada, surgi neste momento.
Sua pele é levemente azulada, e em sua testa há um sol desenhado.
Baltar olha para ele, como se já o conhecesse de algum lugar.
Ele se esforça, mas não consegue se lembrar de onde conhecera aquele misterioso ser. Que após erguer os braços, atinge as almas escuras com raios dourados, as expulsando da câmara.
Ele então olha com seus olhos iluminados para o príncipe, e lhe diz por telepatia.

-Vá, Baltar.
Precisas acender a torre.
Somente tu poderás acendê-la.

Neste momento, o sino badala, dando seu segundo aviso.
Baltar pega a lamparina e corre até a escadaria.
Ao subir, ele tem uma surpresa.
Á sua frente há duas portas.
Uma direcionada no lado esquerdo, e outra direcionada no lado direito.
Mais uma vez a dúvida assombra Baltar.
Enquanto isso, na trirreme, Milesiano acorda, e começa a delirar, falando em voz alta.

-Baltar, não siga o coração.
Siga tua intuição.
Lembre-se quando estávamos na frente dos portais do tempo.
O da esquerda representa teu passado, e o da direita representa o teu futuro.
Siga tua intuição.
Não se deixe levar pela emoção.
Baltar, siga teus instintos.
Lembre-se.
O passado já se distanciou de ti.
O futuro está mais próximo.

Os homens na trirreme não compreendem o que está acontecendo.
Baltar olha para a lamparina, esperando que ela lhe de um sinal.
Neste momento, o sino badala seu terceiro aviso.
O príncipe fecha os olhos.
Respira profundamente.
E segue em direção a porta escolhida.
Á sua frente, há mais um lance de escadas para subir.
Enquanto sobe, um pensamento lhe vem.

-Por Astartéia.
Será que escolhi a porta certa?

Ao subir, Baltar tem sua reposta junto com o quarto aviso do sino.
O príncipe está diante de um imenso corredor.
Percebe que se tivesse escolhido a outra porta, chegaria mais rápido á torre.
Que está há uns duzentos metros á sua frente.
Baltar olha para o céu, e tem uma visão aterrorizante.
Ele vê o pêndulo do tempo.
Também tem a sensação de ter visto aquilo em algum lugar.
Desesperado, começa correr, tentando vencer o tempo maldito.
O príncipe corre como o vento.
A chama de Orion na lamparina parece um cometa azul, voando do seu lado.
Baltar percebe que o tempo está acabando.
O sino soa seu quinto aviso.
Baltar está quase próximo da torre.
Por um descuido, ele olha para o pêndulo , e ouve um barulho vindo do chão.
E percebe que suas sandálias se desamarraram.
Um silêncio angustiante se faz, enquanto Baltar cai no chão.
Ele se levanta, e num ato desesperador.
Joga a lamparina em direção a torre.
Que está há uns quinze metros á frente.
Enquanto a lamparina é rodeada no ar, o sino soa seu sexto aviso.
Completando a nona badalada.
O príncipe leva suas mãos á cabeça, ao ver a lamparina caindo longe da torre.
Ao cair, a chama de Orion se apaga, como um último sopro de esperança que se vai. Baltar falhara.
O pêndulo do tempo cumpriu seu legado.
A ilha fantasma venceu.
As lágrimas de Baltar caem no chão, manifestando seu último lamento.
Uma voz então lhe diz.

-Levanta-te, Baltar.

O príncipe enxuga suas lágrimas, e sua visão é ofuscada pela túnica branca que surgi na sua frente.
Baltar estranha o silêncio que se faz presente.
E confuso, pergunta ao misterioso ser.

-Quem és tu?

-Porque choras, Baltar?

-Ora, por quê?
Falhei em minha missão.
Não consegui acender a torre.
Não consegui salvar meu pai e os desacordados.
Condenei todos a viver na escuridão.

-Nunca devemos duvidar de nossa força, Baltar.
As vezes o mais impossível se torna alcançável quando acreditamos em nossa capacidade.

Neste momento, um clarão surgi no céu.
E um imenso túnel de luz aparece.
Uma suave música toca junto com as almas.
Que vão entrando no túnel, guiados por um outro ser.
Que as conduz á libertação.
Baltar fixa seus olhos, e ao reconhece-lo, diz, espantado.

-É o mestre Anurius.
O que ele está fazendo?

-Ele está salvando as almas da escuridão,  Baltar.
Está as guiando para luz.
A maldição da ilha fantasma consumou-se.

-Mas como?
A torre não foi acessa com a chama de Orion.
Eu não consegui acende-la.

-Como podes saber que não a acendeu, Baltar?

-Eu cai.
Não consegui vencer o tempo.
A lamparina apagou-se.
Como poderia acendê-la?

-Levanta-te, Baltar, e veja com teus próprios olhos.

Baltar levanta-se, e caminha em direção a torre.
Ao se aproximar, ele vê a chama queimando lentamente.
Uma luz azul e cintilante.
A chama de Orion brota no meio da torre.
Sem entender nada, ele olha para o misterioso ser.
E ao perceber quem ele é, lhe diz.

-Como isto é possível, mestre Medicis?
Como a chama de Orion renasceu na torre, se eu não a acendi?

-Tu estas a acendendo, Baltar, desde que chegastes nesta ilha.

-Mas como?

The Orion Flame 






Alexsandro Ribeiro 🔮

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