sábado, 9 de novembro de 2019

Os dois Pilares 🌅





Os dois Pilares 🌅


Os homens agora mais calmos voltam para seus postos, e a grande trirreme é soprada pelo vento, navegando sobre as águas.
Logo escurece e o céu cobre-se de estrelas.
A tripulação empanturra-se de comida e vinho.
Moloch pede para que Milesiano conte mais uma de suas estórias.
Hamilcar sugere que ele conte a estória do grande dilúvio.
Todos se aproximam para ouvir o velho ancião, menos Anut, que ainda desconfiado, não se mistura com os demais.

-A sim, o grande dilúvio que arrasou toda a Líbia.
Se me recordo muito bem isto aconteceu a mais ou menos quatro mil anos atrás.
A grande Líbia encheu-se de água por toda a parte, ficando submersa por vários anos. Aquela imensa ilha desde o seu princípio abrigava as mais variáveis espécies de animais. 
Dizem que foi naquela terra que o homem deu seus primeiros passos neste mundo. 
E também foi lá que um grande herói surgiu.
Seu nome era Nuh.
Naquela época, existiam várias tribos numa única região.
Era possível encontrar várias aldeias diferentes, e muitos eram nômades.
Cada uma com sua cultura e crença.
O homens já tinham certo domínio sobre o ferro, e já construíam sua casas com pedras e barro. 
Deste criança Nuh era especial.
Ele tinha uma estima pelos animais que habitavam sua região.
Muitos dos animais eram selvagens, portanto muito perigosos.
Poderia dizer que naquela época, existiam mais animais do que homens.
Na medida do possível a natureza mantinha seu equilíbrio, dando espaço para ambas espécies. 
Os animais tinham instintos, os homens inteligência, apesar de corrompida por suas maldades. 
O pai de Nuh era um grande desbravador.
Ele havia explorado todos os cantos de sua terra.
Era um homem sábio e triste, pois sua esposa havia morrido após dar a luz a seu filho. 
Certa vez em uma caravana, contou para Nuh a lenda dos dois pilares que foram construídos há quinhentos anos antes de seu tempo.
Nuh ficou curioso, era sua primeira viagem. Seriam messes de caminhada e com sua mão entrelaçada com a de seu pai, ouviu atenciosamente a lenda que seu pai contara. Uma estória  que poucos conheciam, pois poucos conseguiam compreende-la.
A lenda dos dois pilares.

-Então nos conte, mestre druida, conte-nos a lenda dos dois pilares

Brada Hamilcar, curioso.

- Se tiverem um pouco de paciência a contarei.
Os homens ainda não haviam adquirido o segredo do aço.
Tinham domínio sobre o fogo e suas armas e ferramentas eram construídas a base de pedras. 
Um talentoso pedreiro chamado Lazak era um grande construtor de casas.
Ele vivia em sua terra na cidade de Enoch com suas duas esposas Hadanã e Témuria. Com Hadanã ele teve dois filhos, Témetrio e Petron.
E com Témura ele teve Brazon e Kalina.
Todos viviam juntos e dividiam as tarefas.
Témetrio era pastor e domesticava ovelhas e cabras selvagens.
Petron seu irmão, tocava harpa e flauta e composia musicas.
Brazon era pedreiro como o pai, e também construía casas.
Sua irmã Kalina dominava a arte de escrever e de pintar, e também de tecer.
Todos na aldeia admiravam os filhos de Lazak.
Da mesma maneira que ele, seus filhos por suas idéias e seus atos nobres, eram admirados por todos. 
Cada um era dotado de um dom especial.
Dos quatro irmãos, Brazon era o mais inquieto.
Ele queria conhecer novas terras, novos lugares.
Certo dia, surgiu um murmurinho pela aldeia, sobre uma grande pedra que havia caído do céu, em um deserto perto dali.
Brazon, curioso, dirigiu-se até onde caíra a pedra.
Que disseram-lhe que parecia uma bola de fogo quando rasgou o céu.
Todos estavam em volta da grande pedra, que ainda esfumaçava.
Brazon aproximou-se, e intrigado, quis saber que tipo de pedra era aquela.
Ele então pegou uma forte ferramenta feita de pedra, e começou a martelar aquele estranha rocha. 
Um pedaço caiu ao chão, Brazon o enrolou em uma pele de carneiro que usava como parte de sua vestimenta.
Ao chegar em casa, Brazon começou a lapidar o pedaço de pedra que conseguira, mas notou que era diferente de todas as pedras que conhecera.
Brazon partiu a pedra em vários pedaços, e fez uma fogueira.
Ao colocar os pedaços da pedra no fogo, ele notou que as pedras estavam se desmanchando, tornado-se líquida, assim como água, porém prateada.
Brazon observou que após derreter e esfriar, a pedra ficara forte como antes.
Brazon buscou mais pedaços da pedra que estava no deserto, e viu que com o fogo ele poderia criar varias formas com aquela pedra derretida.
Brazon então descobrira o segredo do aço.
Descobriu o ferro, e descobriu que dentro de algumas cavernas também haviam vários metais como aquele que caíra do céu.
Brazon aperfeiçoou-se cada vez mais na essência do metal e criou a arte de fundi-lo. Agora as ferramentas eram mais resistentes, e as armas também se tornaram mais fortes e mais mortais. 
Mas Brazon ainda não estava satisfeito.
Ele acreditava que se partisse em busca de outras terras, encontraria outros tipos de metais. 
Antes de partir, Brazon passou o ensinamento para seus irmãos, que eram tão sábios quanto ele. 
Brazon então partiu em busca de mais conhecimento e novos metais. 
Ele desbravou várias terras distantes, e cada vez se tornava mais sábio em sua arte. 
Até que encontrou uma ilha, muito além de sua terra.
Vários anos haviam se passado e Brazon nem tinha se dado conta do tempo que passara. 
Ao chegar nesta ilha, viu que ela tinha vários metais.
Metais que até então ele não havia descoberto.
Muitas tribos habitavam esta ilha, e ele foi muito bem recebido naquela terra.
Ficou lá por muito tempo e a chamava de ilha de ferro.
Aprendera mais do que nunca a arte do aço, pois os metais que tinham nesta ilha eram os mais nobres de toda a esfera azul.
Ele aprendera muito com o povo que habitava algumas regiões da ilha.
Dizem que a ilha era mágica e que uma civilização muito evoluída vivia lá.
Dizem que o fogo com que eles fundiam os metais era um fogo sagrado.
Uma chama azul e cintilante.
Depois de aprender vários ensinamentos, Brazon resolveu voltar para sua casa. Quando chegou, seus irmãos já estavam mais velhos e seus pais já não estavam mais neste mundo. 
Ele estranhara o silêncio que abrigava a aldeia.
Seus irmãos então lhe contaram a grande desgraça que havia acontecido.
Disseram-lhe que muitos homens aprenderam o ofício do ferro, e que haviam forjados armas incríveis. 
Logo as batalhas foram acontecendo, e muito sangue havia sido derramado. 
Os homens brigavam e se matavam por terras, por animais, e pela arte do ferro mais resistente. 
E assim a paz não estava mais entre eles.
Brazon chorou, e sentiu-se culpado por ter descoberto o segredo do aço.
Seus irmãos o abraçaram e o acalentaram.
O sábio Brazon lembrara-se dos ensinamentos dos mentores que recebera na ilha de ferro. 
Como prever as chuvas, como ler as estrelas, e como guiar-se através do sol.
Ele passou este ensinamento para seus irmãos e disse que antes de partir deste mundo ele descobriria o segredo da grande esfera azul, para que os homens entendessem o significado da vida. 
Ele então convidou seus irmãos para que junto a ele buscassem as respostas do grande mistério.
Os quatro irmãos partiram um para cada lado da esfera azul, afim de descobrir o grande segredo da existência.
Viajaram durante sete anos e conheceram lugares distantes, e ilhas encantadas como Lemúria, Creta e Atlântida.
Os grandes mestres dizem que Kalina, a sabia irmã, encontrou a mágica ilha de Shamballa.
Uma ilha coberta de luz e sabedoria.
Quando voltaram, dividiram suas experiências e seus ensinamentos, recebidos pelos mestres que encontraram.
Descobriram então, que existia um grande criador, que havia criado a esfera azul e todos os seres que a habitavam.
Eles aprenderam a falar com o criador através das estrelas, e de todas as forças existentes na natureza.
Sabiam que a ambição do homem na terra era cada vez maior, e que a esfera estava sofrendo um grande desequilíbrio, devido a ignorância e a maldade dos homens.
Que eram corrompidos por um mal invisível, que existia desde o principio, quando o grande criador andava por sobre a terra.
Os quatro irmãos podiam prever quaisquer tempestades.
Onde seria o melhor lugar para plantar.
Qual rio daria mais peixes.
Quando e onde as pedras do céu cairiam.
Até que um dia, previram uma grande desgraça que aconteceria em algum lugar da esfera azul. 
Eles sabiam que o desequilíbrio da terra estava cada vez maior, pois o próprio homem havia plantado sua semente, e sofreria as conseqüências por seu atos de maldades e desigualdades.
Os quatro irmãos já anciões, sabiam que alguma parte da esfera seria coberta por água ou por fogo, e que vários inocentes pagariam pela ignorância de outros.
Os irmãos então resolveram construir dois pilares.
Um de barro, que resistiria ao fogo, e outro de mármore e bronze, que resistiria a água. Eles gravaram as mesmas mensagens nos dois pilares, e junto as mensagens os seus ensinamentos, contendo todos os segredos do conhecimento.
Na arte de fundir o metal.
Na arte das construções
Na arte de ler as estrelas e a natureza.
Na arte de entender a vida e seu criador, e assim ser eternamente sábio.
Os quatro irmãos acreditavam, que diante da visão cega dos homens, nasceria um que compreenderia o significado dos dois pilares, afim de decifra-lo, e com sabedoria, usa-lo para o bem.

Hamilcar com os olhos esbugalhados indaga o mestre druida.

-O que aconteceu, celta?
Alguem decifrou os dois pilares?
Quem foi capaz de adquirir tal sabedoria?



A mística missão de Nuh 🌅


- Como-lhes disse no começo, o pai de Nuh estava o levando na companhia de uma grande caravana, em uma viagem a uma terra distante.
Nuh de mãos dadas com seu pai, atravessa o grande deserto, e ouve a estória dos dois pilares.
O pai promete para o menino, que quando chegarem a cidade, lhe mostrará as duas colunas. 
Nuh fica ansioso para chegar a Síria, e ver com seus próprios olhos o que seu pai havia lhe contado.
Nas últimas semanas, quando estavam quase chagando, a caravana foi surpreendida por uma tempestade de areia.
Muitos se perderam no meio do deserto, pois era noite, e a tempestade era muito forte. Nuh estava agarrado firme á seu pai.
Eles então se deslocaram para as dunas.
E para o azar de ambos, caíram em uma areia movediça.
Um dos integrantes da caravana ouvira os gritos que vinham de traz das dunas.
Ele então correu até lá, e viu o homem desesperado, já completamente enterrado, somente com os braços para fora, e parte da cabeça.
E seu filho a salvo, vendo seu pai morrer.
Antes de afundar-se por inteiro, o homem gritou para seu filho, para que ele chegasse em frente aos dois pilares, e decifrasse seu segredo.
O integrante da caravana aproximou-se do menino, que estava chorando muito.
Ele então o agarrou em seu colo, e falou:
- O teu pai era um grande homem, filho
Ele morreu para salvar tua vida.
Será abençoado pelos Deuses e encontrará a paz.
Não te preocupes, cumprirei a promessa de teu pai.
Levar-te-ei até os dois pilares para que cumpras teu destino.
Após mais três dias de viagem, chegaram á Síria, e foram até a cidade que estavam os dois pilares.
Ao chegarem lá, Tufir, o homem que ajudara Nuh.
Procurou uma família para que pudesse deixar o menino.
Uma sábia mulher ofereceu-se para ficar com ele.
Ela não tinha filhos e seu esposo concordara em adotar o menino.
Eles viviam na cidade perto das duas colunas.
Enquanto isso, Nuh estava diante dos dois grandes pilares construídos pelos quatro irmãos. 
Ele sentiu a presença de seu pai.
Um silêncio se obteve e uma luz muito forte surgiu entre os dois pilares.
Nuh ficou assustado mas não desviava seus olhos daquela luz que surgira misteriosamente.
Até que a luz desapareceu como um relâmpago.
Tufir se aproximou de Nuh e diz -lhe que iria deixa-lo com um bondoso casal que cuidaria dele como um filho, que a muito desejaram ter.
Ele compreendeu, apesar dos seus sete anos de idade.
Tufir despediu-se, e o menino seguiu com seus novos pais para sua nova casa.
A aldeia ficava próximo dos dois pilares e Nuh ia todos os dias admirar as colunas.
E assim foi, até que Nuh cresceu, e se tornou homem.
Ele era um grande desbravador e carpinteiro, e aprendera com seu pai adotivo a forjar metais.
Certo dia, Nuh foi a cidade afim de buscar matérias para construir cercas e casas. 
Como de costume, foi olhar os dois pilares, e pela primeira vez notou os símbolos que estavam gravados nas colunas.
Eram desenhos geométricos de várias  formas.
Nuh aproximou-se e começou a passar suas mãos sobre os símbolos.
Ele ficou paralisado.
Seu corpo parecia formigar, e uma luz intensa surgiu entre os dois pilares.
Ele se lembrara que já havia acontecido a mesma coisa quando menino.
Ele afastou-se rapidamente.
Etava desorientado e com o coração batendo muito forte. 
Ao chegar na aldeia, Nuh não comentou nada com sua mãe.
Ficou quieto e não conseguia parar de pensar no que havia acontecido.
A tarde ele resolveu sair pela aldeia, derrepente ele sentiu uma forte vibração. Começou a tremer.
Os símbolos que ele havia visto nos pilares apareceram como mágica em sua cabeça. Nuh não estava mais assustado.
Ele parecia compreender aquele sinal, então olhou para o céu e em todo seu redor, e teve uma revelação.
Sabia que perto dali a terra iria tremer em alguns dias.
Em uma região cheia de casas, habitada por várias famílias.
Nuh foi até a cidade que ficava próxima a sua aldeia e avisou a todos que corriam grande perigo, pois haveria um grande tremor de terra ali, e iria destruir todas as casas. 
O povo ficou assustado.
Como Nuh sempre foi respeitado por todos por ser bom e sábio, algumas pessoas acreditaram e saíram da aldeia.
Outros não deram importância para que Nuh lhes disseram, e continuaram em suas casas. 
Depois de três dias sucedeu-se a desgraça.
A terra ruiu e todas as casas daquela aldeia foram enterradas pelo grande tremor. Muitas pessoas morreram, muitos inocentes.
Nuh ficara muito triste por não ter conseguido salvar a todos.
Os demais que acreditaram nele o agradeceram, e reconheceram seu dom. como um presente dado pelos Deuses.
Cada vez mais Nuh adquiria conhecimento.
Ele sabia quando choveria.
Onde as tempestades do deserto ocorreriam.
Ele já sabia ler as estrelas e guiar-se por elas.
Sabia contar o tempo através do sol.
O tempo passou.
Nuh casou-se e teve três filhos.
Certa noite, após colocar as crianças para dormir, sua mulher já o aguardava no quarto perfumado com incenso de jasmim.
Antes de deitar-se, foi olhar as estrelas para saber o que elas o revelariam naquela noite. Nuh teve uma visão aterrorizante.
Ele viu uma terra distante dali completamente inundada pela água que sairia do grande mar, e alagaria toda a ilha.
Sentiu uma forte dor em seu peito, e naquele momento, teve uma outra revelação. 
Que esta inundação seria em sua terra natal, na grande Líbia.
Ele então entrou em sua casa ofegante, e contou para sua mulher o que havia previsto. 
Ele sabia que isto aconteceria em alguns anos mais tarde, mas sabia que seria a maior desgraça de todos os tempos.
Na manhã seguinte, Nuh e sua família partiram para Líbia a fim de avisar a todos sobre o que aconteceria.
Sabia que teria tempo, por isso partiu rápido.
Sua idéia era avisar todas as aldeias da grande Líbia e salvar todas as pessoas.
Eles enfrentaram o deserto por vários meses até chegarem em sua terra natal. 
Quando chegaram, Nuh foi para sua antiga aldeia, e ao chegar contou sua estória de quando havia viajado com seu pai com uma caravana para Síria.
Contou sobre os dois pilares e sobre o dom que havia adquirido.
Com sua família segura, Nuh então partiu para sua peregrinação, para avisar todas as aldeias que existia na grande Líbia.
Como havia acontecido na Síria, os habitantes das aldeias não acreditaram em suas estórias. 
Duvidaram que ele tivesse tal poder, e disseram-lhe que suas terras jamais seriam inundadas. 
Depois de meses de viagem, Nuh voltou para sua aldeia e contou a triste notícia para sua mulher.
Disse que ninguém acreditara nele, e que sua missão havia falhado.
Sua mulher disse-lhe, que o povo de sua aldeia acreditava nele, e que ele era um grande herói por vir ajudar o seu povo.
Sentiu-se melhor, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa, e o tempo era seu pior inimigo.
Sua leitura através das estrelas, lhe revelara, que o dilúvio aconteceria dali a trinta anos. Ele já sabia como salvar seu povo.
Sua idéia era fazer uma grande caravana e migrar para terras seguras em outras ilhas. Mas uma coisa ainda o incomodava.
Iria salvar seu povo e durante a viagem poderia convencer algumas pessoas de outras aldeias, mas faltava algo.
Ele sentiu um forte aperto em seu coração. Ele então respirou fundo e olhou seus filhos brincando. 
Sentiu um alívio, olhou para o céu e agradeceu ao grande criador. 
Por a ele ter dado o dom de ler as estrelas.
Ele foi relaxar, a fim de buscar explicação para sua angústia.
Naquela mesma semana, depois de esquecer um pouco de seu dilema.
Ele foi caçar com um pequeno grupo da aldeia.
Eles entraram na grande mata.
Nuh ficou impressionado com a quantidade de animais que existia na ilha.
Várias espécies diferentes.
Pássaros, quadrúpedes de todos tipos, felinos selvagens.
Eram tantos que era impossível conta-los.
Naquele momento ele teve uma iluminação.
Percebera que aqueles animais seriam completamente vulneráveis ao dilúvio.
Ele então entendeu que além das pessoas, ele deveria salvar também os animais.
Nuh começou um grande processo de idéias, de como faria para salvar aqueles animais. Ele era um exímio construtor, e através dos símbolos gravados nos dois pilares, havia adquirido vários conhecimentos.
De como elaborar, construir, fundir metais e desenhar seus projetos.
Depois de tanto pensar, ele teve uma inspiração, e resolveu construir um grande barco. 
Uma arca que fosse capaz de abrigar animais de várias espécies, e também as pessoas de sua aldeia. 
Ele sabia que por maior que fosse a arca seria impossível colocar todos os animais que viviam na ilha.
Decidiu então que salvaria um casal de cada espécie.
Ele então contou seu plano para as pessoas de sua aldeia.
Disse que precisaria de todos para construir a grande arca, e que depois que ficasse pronta, estariam protegidos e ajudariam a alimentar e cuidar dos animais, até as águas baixarem.
Nuh sabia que seria um árduo trabalho.
Que os anos a seguir teriam de ser dedicados para construção da grande arca.
Ele também sabia que se construísse a arca somente com madeiras, não seria resistente o suficiente para flutuar na água, e suportar o peso de todos os animais. Resolveu que além da madeira que era rica em sua terra, usaria metal para revestir a arca por dentro e por fora.
Ele então perguntou para os homens da aldeia onde encontraria o melhor metal daquela região.
um velho ancião aproximou-se de Nuh, e disse-lhe que além mar distante da grande Líbia, havia uma ilha que era muito rica em metais.
E o povo que existia lá eram grandes forjadores do ferro, adquiridos de um conhecimento elevadíssimo.
O velho ancião disse que esta estória foi contada há muito tempo atrás, por um forasteiro que passara pela aldeia.
Disse que este homem era muito sábio apesar da pouca idade.
Ele ficou durante meses na Líbia, e sua paragem era naquela aldeia.
Ele fazia vários desenhos e anotações.
Olhava sempre para estrelas e observava o mar, e também era capaz de prever quando choveria e quando fosse melhor para plantar e colher.
Nuh ficou impressionado com o relato do ancião.
Construiu então um barco de médio porte e partiu para a ilha misteriosa.
Foram meses no mar.
Parecia que o tempo o ajudava, pois não sofrera grandes tormentas, e o vento soprou seu barco, que parecia deslizar sobre as ondas.
Nuh avistou a ilha e ancorou seu barco.
Ele estava na companhia de mais vinte homens, para que o ajudassem no transporte do metal. 
Ao chegarem em terra firme, foram recepcionados por uma das tribos que habitavam a ilha.
O chefe da tribo disse-lhes, que se chegaram á ilha sagrada, foi porque o grande criador assim desejou.
Eram nobres e bons, e a ilha os recebera como filhos.
Nuh perguntou sobre o metal que existia em abundancia na ilha, e que ele também sabia fundir o ferro, e o que iria fazer com o metal que levaria para sua terra.
Falou sobre a grande arca que iria construir, e contou a estória dos dois pilares, e também como havia aprendido a falar com o grande criador através das estrelas.
O chefe da tribo percebera que Nuh era muito sábio, e tinha um bom coração.
Levou-o então ao santuário.
Dizem que lá, Nuh conhecera o mentor da ilha sagrada.
Ele era o mestre dos metais, e um dos guardiões que conhecia todos os segredos da chama azul. 
A chama da vida.
Nuh ficou na ilha por muitos meses, adquirindo mais conhecimento e sabedoria.
Foi lá que Nuh elaborou e projetou sua arca, encontrando o mais forte dos metais para sua construção.
Nuh então se despediu de seus novos amigos e partiu para sua terra com o valioso metal.

Os olhos dos fenícios brilham ao ouvirem a lenda de Milesiano.
O navegador Hamilcar então pergunta:

-Ele conseguiu construir a arca antes do grande dilúvio, mestre druida?

O tempo que parece escravizar alguns homens foi cordial com Nuh.
Foi um árduo trabalho.
Ele teve de voltar inúmeras vezes há ilha de ferro para buscar mais metais.
E assim o fez, até que a grande arca ficou pronta, depois de vários anos de trabalho e dedicação. 
A arca era imensa, feita de madeira e ferro.
Era toda revestida de metal, e sua cor prateada reluzia com o sol.
Tinha três andares.
Os dois andares de baixo eram para abrigar os animais, e o andar de cima para os aposentos de seu povo.
Era movida através de fogo, e uma lava negra que Nuh havia encontrado na ilha.
Ele aprendera a desenvolver esta magia com um dos mestres que conhecia todos os segredos das energias contidas nesta esfera.
Os sábios mestres diziam que a grande arca parecia uma gigantesca montanha prateada navegando sobre os mares.
Nuh e sua tribo começaram então a buscar os animais.
Foram muitas semanas para conseguirem encontrar todas as espécies.
E como ele havia previsto, seria um casal de cada espécie.
Para que depois do dilúvio, os animais pudessem continuar sua evolução na terra. Além dos animais, também haviam vários tipos de plantas e minerais.
Com todos os animais e as pessoas de sua aldeia dentro da arca, já no mar, Nuh ainda não estava satisfeito, pois sabia que as demais aldeias seriam destruídas, e várias  pessoas iriam morrer. 
Mas nada mais podia ser feito, pois não acreditaram nele. 
Muitos viram a grande arca sobre as águas.
Viram quando os animais foram colocados nela.
E mesmo assim, não acreditaram em Nuh.
A grande arca já havia se distanciado da Líbia.
Depois de três dias, numa noite em que as estrelas desapareceram do céu, que fora coberto por uma nuvem gigantesca e escura.
O mar agitou-se com fúria e os trovões começaram a bradar.
Os ventos sopravam fortemente, derrubando as árvores no chão.
As pessoas nas aldeias estavam com medo, e a morte se fazia presente em cada rosto apavorado. 
Derrepente, os ventos pararam, e um silêncio perturbador se fez por algum momento. 
Tempo para um último suspiro,  pois o que viria a seguir seria terrível e devastador.
Um trovão gritou no céu neste momento, e a terra tremeu, ruindo todos os cantos da ilha. Os ventos recomeçaram, e o mar agitou-se ainda mais, invadindo toda a terra da grande Líbia.
E em segundos toda ilha estava inundada, e assim ficou por vários anos.
Até que um dia,  as águas baixaram.
Os poucos que sobreviveram ao grande dilúvio, foram mortos depois pelas pestes que havia se impregnado na ilha.
Depois de muito tempo, a terra voltou a fortalecer-se.
E Nuh soltou os animais que estavam na arca, distribuindo-os em todas as partes da ilha, para que eles pudessem encher de vida a grande Líbia novamente.
O povo que sobrevivera por acreditar em Nuh, e abrigaram-se em sua arca, tiveram uma nova chance para recomeçar suas vidas, e fazer reviver sua terra.
Ninguém soube o que aconteceu com Nuh depois deste feito honroso.
Dizem que ele e sua família navegaram para mares distantes, e que algumas vezes naquela época em alguns pontos da esfera azul, era possível ver uma grande arca cruzando os mares.

O príncipe completamente hipnotizado pela  estória que Milesiano contara pergunta ao ancião celta:

-Como pode um único homem realizar tal feito, mestre druida?

-Nuh foi inspirado pelo grande criador.
Assim como Brazon.
Ambos foram em busca do conhecimento.
Da sabedoria infinita que habita nossa essência.
Tiveram coragem para prosseguir com sua missão, traçando seus destinos.
O grande saber é passado de mãos em mãos para todos aqueles que o queiram encontrar verdadeiramente. 
Brazon e Nuh foram movidos por um grande propósito: A busca pela verdade.
E apesar de não serem compreendidos por muitos, foram fortes o bastante para concretizarem suas missões.
Todos os atos honrosos realizados pelos homens bons de coração e de espírito, merecem ser reverenciados.

"Tudo que fazemos de bom neste mundo ecoa na eternidade.

The Orion Flame






Alexsandro Ribeiro 🔮


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